O vírus H3N2 é um dos subtipos do vírus influenza A que, junto ao tipo B, está entre os responsáveis por causar a gripe. O H3N2 pode infectar aves e mamíferos.
Em aves, humanos e porcos, ele tem sofrido mutações em muitas cepas, e é justamente uma dessas mudanças a responsável pelo aumento significativo de casos no Brasil durante os últimos meses.
“Até o surgimento desse novo subtipo, o vírus H3N2 estava circulando já há algum tempo e sendo coberto pela vacina da gripe. A impressão que tenho é que a cobertura vacinal para a gripe no ano passado não foi muito boa, o que torna a população mais vulnerável”, avalia o pneumologista Ricardo Martins, professor do Hospital Universitário de Brasília (HUB) e membro da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).
Na opinião do especialista, com as atenções voltadas para combater a covid-19, as campanhas de vacinação contra a influenza não obtiveram o alcance que geralmente tinham antes da pandemia, e por isso, não foram tão efetivas.
Mesmo para quem foi infectado, tomar a vacina da gripe ainda é recomendado, desde que se aguarde 30 dias para evitar confusão de sintomas de efeitos colaterais.
Outra mudança que contribuiu para o aumento de casos, explica o professor, foi o vírus ter chegado ao Brasil durante um mês de calor, o que geralmente não ocorre.
“É mais comum que esse surto da doença respiratória ocorra nos meses de inverno. Há relatos de casos que apontam que o vírus da gripe chega um pouco antes nos estados do Norte e Nordeste, mas dessa vez chegou no Brasil todo. Foi uma surpresa para a comunidade médica”.
Como é transmitido?
A gripe causada pelo H3N2 é uma doença respiratória facilmente transmitida entre os seres humanos por meio de gotículas liberadas no ar quando, por exemplo, alguém que está infectado tosse ou espirra.
O período de incubação (ou seja, tempo antes que os sintomas comecem a se manifestar) é de três a cinco dias. No entanto, também é possível que a pessoa tenha a doença de uma forma assintomática, sem apresentar nenhuma reação.
Sintomas
Os sintomas da gripe causada pelo vírus H3N2 se assemelham muito aos da covid-19. A distinção entre as doenças só pode ser confirmada por meio de teste, e é possível contrair as duas enfermidades ao mesmo tempo. Entre os sinais mais comuns estão:
- dor muscular e nas articulações;
- febre;
- calafrios;
- irritação nos olhos;
- dor de cabeça;
- coriza nasal;
- dor de garganta;
- falta de apetite;
- indisposição;
- diarreia e vômito;
- tosse.
Mais vulnerável
Para a maioria das pessoas sem problemas relacionados à imunidade, a doença é autolimitada – o que significa que o próprio corpo consegue combater os efeitos do vírus em um período entre três a cinco dias.
No entanto, para quem tem comorbidades ou um sistema imune enfraquecido, a gripe pode ser mais perigosa. “Idosos e crianças abaixo dos dois anos são o principal grupo de risco. O maior perigo é desenvolverem quadros de pneumonia, que podem evoluir mal e até levar à morte”, explica Martins.
Tratamento e prevenção
De acordo com o médico, o oseltamivir, antiviral inibidor de neuraminidase (um tipo de enzima), ajuda a combater a gripe, desde que ingerido em até 48 horas dos primeiros sintomas, quando o vírus ainda não se espalhou tanto pelo organismo.
Para prevenir a doença, é importante reforçar que o uso de máscara, lavagem de mãos e distanciamento social são medidas importantes.
“Além disso, não deixar de tomar o imunizante é essencial. Quanto mais gente vacinada, menos vírus circula”, conclui o pneumologista.