A prática de perfurar regiões que envolvem a cavidade bucal para o uso de piercings pode trazer riscos à saúde bucal e geral do indivíduo. As alterações que podem surgir após a perfuração são muitas, desde pequenas inflamações, processos alérgicos ou complicações mais graves como: necroses (destruição) no tecido, hemorragias e parestesias (dormência, passageira ou não); ou atingir níveis mais críticos, como o choque séptico (disseminação de toxinas bacterianas por todo o corpo).
Quanto às complicações na região da cabeça e pescoço, o uso pode causar fraturas ou desgaste dos dentes, retrações gengivais, hiperplasias (aumento de tecido devido à multiplicação de células), dificuldade de fala e mastigação.
O fator mais preocupante se dá por conta do ambiente em que a perfuração é feita e aos profissionais técnicos que atuam nessa prática, porque não possuem conhecimento anatômico, fisiológico e de biossegurança necessários. Assim, favorecem a transmissão de infecções fúngicas e virais como HIV, hepatites e herpes simples, contaminação com bactérias agressivas, além do aumento da possibilidade de acidentes cirúrgicos pela falta de técnica do profissional.
Estudos demonstram que 100% dos indivíduos que possuem piercings na boca têm alguma alteração tecidual na região da inserção, desde um simples processo inflamatório até casos de lesões cancerizáveis.
Sabemos que o câncer é uma doença multifatorial e que muitas vezes sua presença está associada a áreas de traumas. Por isso, não se pode afirmar, nem descartar esta possibilidade, afinal, pode ser que o tempo de uso do piercing ou de qualquer outro trauma crônico na mucosa oral interfira no aumento dos casos de câncer de boca. Desta forma, os pacientes devem sempre ser orientados quanto ao risco de utilizar este adorno.
Concluímos que piercings podem trazer complicações reversíveis (ou não) e prejudicam, de alguma forma, a qualidade de vida do indivíduo.
Responsáveis técnicos: Dra. Mariana Campinhos – CROSP 92636 Dra. Renata Peixinho – CROSP 97388