O período mais feliz para a mulher pode ficar comprometido pela tensão gerada com a pandemia do novo coronavírus.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde recomendam precaução às gestantes. Afinal, ainda há poucos estudos a respeito da nova doença.
De acordo com artigo da revista The Lancet, uma das publicações de maior prestígio na área da saúde, alterações do sistema imunológico próprios da gravidez tornam as mulheres mais suscetíveis à infecção pela COVID-19.
Mas, até recentemente, não havia evidências da transmissão do vírus através da placenta. No entanto, cientistas chineses relataram em estudo divulgado no dia 26 de março que é possível, embora raro, que mulheres grávidas com o vírus SARS-CoV-2 infectem seus bebês. A descoberta foi publicada na revista acadêmica Journal of the American Medical Association (JAMA, na sigla em inglês).
Para contrabalançar o aspecto preocupante, surgiu uma novidade alentadora sobre a reação do vírus no organismo das gestantes. Um levantamento feito em hospitais de Nova York sugere que 88% das grávidas são assintomáticas.
Em meio a tantas notícias, surgem também muitas dúvidas. “O conhecimento a respeito da COVID-19 ainda está sendo construído”, diz a ginecologista Rafaela Batisti, da clínica Origen, do Rio de Janeiro. A médica, especializada em reprodução humana, esclarece pontos principais e dá dicas a respeito de gravidez nos tempos do novo coronavírus.
Prevenção é fundamental
Valem as medidas de prevenção e higienização para a COVID -19 (usar máscara, lavar as mãos com sabão ou álcool 70%, evitar aglomeração). E mais:
– Manter o pré-natal.
“O controle da gestação leva a um parto adequado e saudável”, diz a ginecologista.
– Definir qual maternidade procurar em caso de sinais de alerta.
Sinais de alerta de COVID-19: febre, dor no corpo, coriza nasal, tosse, entre outros.
Sinais de alerta obstétricos: dor abdominal, sangramento, redução da movimentação fetal ou perda de líquido vaginal.
– Ter canal de comunicação com seu obstetra por telemedicina.
“É uma maneira de tirar dúvidas sem precisar se expor em deslocamentos”, afirma Rafaela.
Transmissão na gestação e no parto
Uma pesquisa recente desenvolvida por cientistas chineses sugere ser possível a transmissão do novo coronavírus para o bebê no útero, apesar de incomum.
A médica Rafaela Batisti aponta também os riscos de contágio no parto. “Estudos demonstraram a presença do vírus em fezes, sangue e urina materna. Devido a isso, o contato pele a pele, imediatamente após o parto, está contraindicado, pois é um momento com exposição a secreções maternas”, explica.
Amamentação protegida
Está liberado e é indicado oferecer leite materno à criança. Mas os cuidados de higiene (uso de máscara e lavagem das mãos) devem ser constantes.
“Para os recém-nascidos, sabemos que a transmissão do vírus se dá por gotículas do cuidador ou pelo contato direto”, afirma Rafaela. Na hora de dormir, a recomendação é que o recém-nascido fique a dois metros da cama da mãe.
Visitas de familiares devem ser evitadas.
Tocar no bebê faz bem
“Mãe e pai podem e devem tocar no filho”, reforça a médica.
A exceção é apenas para o período imediatamente após o parto, devido à presença de muitas secreções maternas.
“O mais importante para as famílias nesse momento é o aprendizado e a compreensão das medidas de prevenção”, enfatiza a médica.