O Tesouro Direto é uma das principais aplicações da renda fixa e, muitas vezes, a porta de entrada das pessoas no universo dos investimentos. A modalidade possui mais de um tipo de título com rentabilidades e prazos diferentes que podem causar dúvidas em quem está investindo pela primeira vez. A seguir, vamos explicar como investir no Tesouro Direto. Confira.
Como funciona o Tesouro Direto?
Em 2002, a Secretaria Nacional do Tesouro Direto – órgão do governo federal responsável pela dívida pública – lançou em parceria com a B3, Bolsa de Valores de São Paulo, um programa que oferta títulos públicos com diferentes rentabilidades e prazos de vencimentos para pessoas físicas.
A partir de R$ 30 é possível fazer aplicações pela internet. Na prática, quando um investidor compra um título público ele está emprestando dinheiro para o governo federal.
É o tipo de aplicação indicada para todos os perfis de investidores. “Até mesmo investidores arrojados podem aplicar parte do seu dinheiro em títulos públicos para ter uma parcela do valor em ativos seguros. O que muda é a ponderação”, avalia Matheus Jaconeli, economista da Nova Futura Investimentos.
Quais são os títulos do Tesouro Direto?
Todos os papéis possuem liquidez diária, baixo risco e rentabilidade superior à poupança. Títulos como o Tesouro Selic, por exemplo, são indicados para a reserva de emergência pela facilidade com que o investidor consegue resgatar o dinheiro aplicado.
“A aplicação pode ser resgatada a qualquer momento, entretanto o investidor deverá se atentar para o preço de venda do título que ele escolheu para aplicar, caso não deseje levar a aplicação até o vencimento. Após solicitado o resgate, dentro do horário de negociações, o recurso estará disponível no dia útil seguinte à solicitação”, explica Lorran Cardoso, assessor de investimentos da Atrio Investimentos.
Existem três tipos de papéis emitidos pelo governo federal:
Tesouro Selic: são títulos pós-fixados atrelados à Selic – taxa básica de juros da economia brasileira que atualmente está em 2% ao ano. O retorno da aplicação vai acompanhar a variação desse indexador que é definida a cada 45 dias pelo Banco Central. Assim, o valor exato do rendimento é revelado apenas na data do resgate.
Geralmente, são indicados para objetivos de curto prazo.
Tesouro IPCA+: possui rentabilidade atrelada à inflação, que é medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e calculado pelo IBGE. Junto com a rentabilidade do IPCA, o investidor também ganha um porcentual extra combinado na hora da aplicação. Por este motivo, esse título é interessante para o longo prazo e protege o poder de compra do investidor -ele garante sempre uma rentabilidade real, acima da inflação. Para entender mais sobre a inflação, clique aqui para ler a matéria que fizemos sobre o indexador.
Prefixados: são papéis com taxas de juros pré-definidas que permitem ao investidor saber exatamente o valor que vai resgatar no vencimento do título. Podem ser interessantes para metas de médio e longo prazo.
Existe ainda a opção de papéis prefixados ou atrelados ao IPCA com juros semestrais. Isso significa que o investidor receberá os retornos do investimento a cada seis meses. Essa opção pode não ser tão rentável quanto deixar o valor aplicado até a data de vencimento e rendendo mais a cada ano, com o efeito “juros sobre juros”.
É seguro investir no Tesouro Direto?
Em tese, os títulos do Tesouro Direto são os mais seguros do mercado. No entanto, os riscos são intrínsecos no mundo dos investimentos e, portanto, no caso dos papéis emitidos pelo governo federal existe o risco de calote caso falte dinheiro para pagar as dívidas.
Com o aumento da dívida pública em decorrência da pandemia de covid-19, alguns economistas demonstraram preocupação com os títulos de longo prazo. Como todos os dias a economia brasileira sofre uma reviravolta, é muito importante ficar atento à discussão sobre a crise fiscal e a dívida pública.
Existe custo para investir no Tesouro Direto?
A maioria das corretoras não cobra taxa de administração. Há uma taxa de custódia de 0,25% ao ano, mas ela não é cobrada nas aplicações de valores até R$ 10 mil no Tesouro Selic. Nos demais títulos, a taxa de custódia é cobrada normalmente.
Como funciona a tributação do Imposto de Renda?
O imposto de renda é cobrado somente sobre a rentabilidade obtida nos títulos do Tesouro Direto. Após o resgate, a tributação acontece no regime de tabela regressiva com alíquota definida de acordo com o prazo que o dinheiro ficou aplicado. Veja:
22,5% para aplicações até 180 dias;
20% para aplicações entre 181 dias e 360 dias;
17,5% para aplicações de 361 dias até 720 dias;
15% para aplicações acima de 720 dias.
Como investir no Tesouro Direto?
O primeiro passo é abrir conta em uma corretora que seja cadastrada no Tesouro Direto. Depois, basta transferir o dinheiro para a conta da instituição escolhida e fazer a aplicação por meio do aplicativo da corretora ou diretamente no site ou aplicativo do Tesouro. As transações são realizadas de segunda a sexta das 9h30 às 18h.
É possível consultar o extrato de investimentos nas plataformas do Tesouro Direto 24 horas, sete dias por semana. Normalmente, o investidor também recebe um extrato mensal por e-mail.
Lembre-se que todo investimento deve ser guiado pelo seu perfil de investidor, objetivos e prazos.
“Um dos principais fatores é o tempo que o investidor deseja ficar com o papel. Se há expectativa de ter o dinheiro aplicado por muito tempo, investir em um título com vencimento longo pode não ter tantos problemas. Já para quem precisa do dinheiro a qualquer momento, títulos mais curtos podem ser mais vantajosos. Outro fator importante a ser levado em consideração são os indexadores e as perspectivas de seu crescimento para a valorização do título”, finaliza Jaconeli.
Em caso de dúvidas, busque orientação dos assessores de investimentos da sua corretora.