A retomada das aulas tem sido amplamente debatida entre pais, escolas, professores, estudantes, autoridades públicas e infectologistas.
Na Europa, onde o surto de COVID-19 está, de maneira geral, controlado, diversos países já anunciaram a reabertura das escolas. No entanto, teme-se uma segunda onda de contágio, impulsionada pelo contato, aglomeração e circulação de alunos, inclusive nos transportes públicos.
No Brasil, Manaus foi a primeira capital a autorizar o reinício das atividades letivas presenciais nas escolas públicas em agosto, e um mês antes os colégios particulares puderam reabrir. Outras, como São Paulo, preveem a volta às aulas presenciais em outubro.
De fato, governos anunciam planos de retorno conforme o comportamento das curvas de contágio do coronavírus.
Um artigo recém-publicado na revista The Lancet, uma das publicações científicas de maior prestígio, chamado Finding a path to reopen schools during the COVID-19 pandemic (Encontrando um caminho para reabrir escolas durante a pandemia de Covid-19, em tradução livre), aponta que, embora os mais novos pareçam menos vulneráveis à doença, “os benefícios de fechar escolas podem superar os custos se as crianças desempenharem um papel fundamental na transmissão para outras pessoas”.
Uma das questões em debate, portanto, é essa: o papel das crianças como vetores de infecção, ou seja, disseminadoras do vírus.
Medidas de prevenção
A retomada das aulas presenciais obedece a protocolos de segurança que contemplam diversas medidas. No entanto, recomenda-se que os pais fiquem atentos para acompanhar a efetividade dos planos de ações preventivas de cada instituição de ensino.
Entre as diretrizes da Fiocruz estão:
- escalonamento de horário de entradas e saídas;
- distanciamento de pelo menos um metro entre as carteiras escolares;
- disponibilização de álcool em gel nas salas e demais dependências;
- uso obrigatório de máscara, com troca a cada três horas;
- retorno gradual, com priorização dos estudantes mais velhos em um primeiro momento;
- processos de limpeza e desinfecção constantes dos espaços.
Especialistas sublinham que medidas para minimizar os riscos de contágio devem ser planejadas de acordo com a faixa etária dos estudantes. Conforme a idade, há melhor compreensão das necessidades de proteção.
Nesse sentido, uma nova orientação da Organização Mundial de Saúde (OMS) indica máscara apenas para maiores de 5 anos. De acordo com o órgão, abaixo dessa idade as crianças não possuem destreza e capacidade motora para o uso adequado do acessório, sem a presença de um responsável.
Quanto a procedimentos de higienização dos prédios, a enfermeira Ellen Cardoso, pós-graduada em Controle de Infecção pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e coordenadora da empresa de desinfecção de ambientes Americas 3K, recomenda que a escola esteja em contato com a Vigilância Sanitária local para acompanhar notícias, atualizar protocolos e tirar dúvidas que possam surgir durante o processo de retorno dos estudantes.
“A participação dos pais no processo de retomada das aulas junto à escola e seu filho deve ser contínuo até o término da pandemia”, aconselha a enfermeira. “Além do uso de máscara e higiene constante das mãos com sabão ou álcool em gel, os pais devem reforçar a orientação aos filhos sobre a importância do cumprimento das medidas de segurança impostas pela escola a fim de que ele possa se proteger e proteger os colegas, funcionários e familiares.”