O Brasil é referência mundial em vacinação e na produção de vacina de forma geral. Temos orgulho de possuir em nosso solo duas importantes instituições de renome internacional: a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, e o Instituto Butantan, em São Paulo.
Elas são responsáveis por tornar real a presença de mais de 36 mil salas de vacinação espalhadas pelo país. A estimativa é de que, anualmente, os brasileiros recebem 300 milhões de doses por ano. Isso sem contar na exportação para mais de 70 países.
Você sabe como se dá o processo de produção de uma vacina? Adiantamos que ele é complexo e passa por diversas etapas e testes que podem durar meses, anos ou até mesmo décadas.
Cada vacina tem um método diferente de desenvolvimento. Tudo depende dos avanços da pesquisa, da tecnologia disponível e da análise criteriosa do vírus ou bactéria. No entanto, existem algumas etapas comuns na produção, como você verá a seguir.
Passo a passo da produção de vacina
O processo de produção da vacina pode ocorrer através do uso de microrganismos inativados ou atenuados que, combinados a determinadas substâncias, estimulam nosso sistema imunológico. Ao receber a imunização, as células decodificam a presença do agente infeccioso.
Dessa forma, o sistema imunológico é acionado e o trabalho de combate ao vírus ou bactéria é iniciado. Existem dois tipos de vacinas:
- Atenuada: Conta com o agente infeccioso vivo. Ele é incapaz de causar a doença justamente porque está atrelado a outras substâncias que foram criadas para combatê-lo. Exemplos desse tipo de vacina são as para sarampo, febre amarela e caxumba.
- Inativada: Possui apenas fragmentos de agentes infecciosos. Ela pode conter proteínas, entre outras substâncias que induzem a produção de anticorpos sem causar a doença. Exemplos de vacinas inativadas são as para meningites, hepatites e raiva.
A produção de vacina conta com 4 fases: produção do concentrado vacinal, formulação da vacina, processamento final e controle de qualidade do produto e análise do processo produtivo. Confira a seguir os detalhes de cada uma:
Produção do concentrado vacinal
As imunizações virais, por exemplo, passam por um processo de replicagem celular a partir do cultivo viral de um agente biológico. As vacinas bacterianas são produzidas a partir da fermentação de insumos e conjugação de princípios ativos.
Nessa etapa, são realizadas diversas análises qualitativas que envolvem uma série de investigações. As vacinas passam por testes químicos, físicos, biológicos e microbiológicos que, geralmente, acontecem de forma simultânea.
Formulação da vacina
O objetivo dessa etapa é estabilizar a vacina até atingir a fração adequada para que seja aplicada em humanos. Para isso, são adicionados determinados diluentes ao concentrado vacinal. O resultado desse processo é a vacina a granel.
Nessa fase, o uso do produto depende da conclusão da avaliação qualitativa. Os pesquisadores fazem uma análise minuciosa para identificar a possibilidade de contaminação, além de acompanhar as variações na especificação durante o processo.
Processamento final
Nessa etapa, a vacina a granel é transferida para um frasco que conta com um número pré-determinado de doses para, então, ser distribuída à população. O processo passa por 3 momentos:
- Envase: A vacina é transferida dos tanques de inox para os frascos de vidros. Após receberem as doses, os frascos são fechados em uma rolha de borracha butílica.
- Liofilização: Para garantir que a vacina se mantenha conservada, é necessário retirar sua umidade. Em um ambiente a baixa temperatura, o líquido é transformado em uma pastilha de pó.
- Rotulagem e embalagem: Os frascos com a vacina liofilizada, a vacina líquida ou o diluente para a vacina liofilizada são devidamente rotulados. Eles recebem a identificação do produto, número de lote, data de fabricação e validade.
Análise do processo produtivo
A última etapa da produção de vacina é caracterizada pelo registro sanitário. Somente após passar por todos os órgãos reguladores e ser validada por cada um deles que a imunização estará disponível para a população.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) revisa todos os documentos que comprovam que a vacina é segura. Após a realização das pesquisas e testes, a Fiocruz ou Instituto Butantan devem encaminhar os dados ao órgão.
As instituições devem entregar à Anvisa um dossiê completo que reúne todas as informações detalhadas de cada etapa do processo. Além disso, é necessário comprovar que os testes realizados foram realmente eficazes.
Em posse de todos os dados, a Anvisa faz uma avaliação criteriosa das descobertas científicas para a produção da vacina para, então, anunciar a decisão de liberar ou não. Geralmente, esse processo leva em torno de 60 dias.
O prazo pode ser menor a depender do caráter emergencial. A liberação da vacina contra COVID-19, por exemplo, é de até 72 horas. Inclusive, o STF (Supremo Tribunal Federal), concedeu uma liminar permitindo a liberação em tempo menor, desde que a vacina tenha sido aprovada por autoridades sanitárias de outros países.
Lembre-se de que as vacinas são muito importantes para proteger a população contra uma série de doenças. Com elas, enfermidades contagiosas, como difteria, paralisia infantil, tétano, entre outras, podem ser combatidas.
Graças às instituições que se empenham em produzir imunizações cada vez mais eficazes, doenças como catapora, sarampo, caxumba, entre outras, estão praticamente erradicadas.
Tudo isso comprova que a vacina é a forma mais eficaz de nos manter seguros. Temos que fazer nossa parte, cumprindo o plano nacional de vacinação, acompanhando o os avanços nos estudos e, sobretudo, valorizando a pesquisa no Brasil.