No ano da pandemia, aprendemos muito
Em janeiro de 2020, o mundo e o Brasil estavam com a expectativa de que o ano seria muito bom para a economia e para os investimentos. Então veio a pandemia da Covid-19 e tudo mudou. Diante de um inimigo invisível, o mundo simplesmente parou. As perspectivas eram as mais pessimistas possíveis e previa-se tempos difíceis em que, não raro, fazia-se comparações com a Grande Depressão de 1929.
Aos poucos, o que se viu foram ações rápidas de governos mundo afora com gigantescos pacotes fiscais e monetários. Governos aprenderam muito com a crise de 2008, quando demoraram muito a agir. Em 2020 foi diferente, agiram rápido e com medidas sem precedentes desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
Recuperação excelente
A Bolsa, o grande termômetro do mercado, chegou a cair 45% no auge do pessimismo. Encerrou o ano com ganho de 2,92%. Para um ano marcado pela enorme aversão a riscos no início da pandemia. Dá para dizer que tivemos uma recuperação extraordinária. Em várias oportunidades dissemos que o movimento irracional dos mercados estava gerando janelas de oportunidade.
O destaque do final do ano, claro, foi o início da vacinação em vários países da Europa e nos Estados Unidos. Mas só a vacinação não explica a mudança de humor dos mercados. Até porque observamos uma nova onda de contágio que vem obrigando vários países a adotar medidas de restrição como uma reprise do que se viu no início da pandemia.
Vale destacar a manutenção da política de expansão monetária e…
Os estímulos fiscais de diversos países, incluindo o Brasil. Essas medidas foram os fatores mais importantes que garantiram e estão garantindo uma travessia menos traumática do que antes se projetava. Quando digo “estão garantindo” é porque as principais autoridades de bancos centrais do mundo (FED nos EUA, BoE na Inglaterra e BCE na zona do euro) reafirmaram a disposição de não apenas manter o que já foi feito, mas ampliar as medidas para oferecer liquidez para os mercados financeiros e aumentar estímulos fiscais.
O impacto das eleições americanas
Outro destaque importante foram as eleições americanas. A vitória de Joe Biden, sinalizando uma política monetária mais expansionista, um diálogo mais conciliador, tanto internamente como nas relações internacionais, e a conquista da maioria Democrata na Câmara dos Representantes e no Senado contribuíram para a mudança do humor. Aliás, já está a caminho um novo pacote de aproximadamente USD 1 trilhão, o que, também, animou os investidores.
No Brasil…
Nos primeiros meses de 2020, observamos que a atividade econômica sofreu bastante. No entanto, o segundo semestre mostrou resultados muito melhores do que era esperado. Alguns setores, inclusive, retomaram patamares pré-pandemia. A indústria, o varejo e o agronegócio reagiram muito bem aos estímulos. As exportadoras também apresentaram recuperação. O setor de serviços, maior empregador de mão de obra e com maior participação no PIB, continua patinando. Se a recuperação da economia prosseguir, ainda que lentamente, tudo indica que o setor de serviços deve apresentar melhor resultado.
Na renda fixa, prosseguimos com os ajustes nas curvas de juros. Praticamente todos os vértices apresentaram queda nas projeções de taxas de juros. O gráfico abaixo dá uma ideia do que foi esse movimento. As pontas longas apresentaram quedas mais expressivas do que as pontas curtas dos juros. Movimento semelhante, também, ocorreu nos papéis indexados à inflação.
Na renda variável, se novembro já tinha sido um ótimo mês, com valorização de 15,9%, dezembro prosseguiu com ganhos importantes, com valorização de 9,3% no mês. A bolsa chegou a flertar com os 120 mil pontos, encerrando o mês com 119.410 pontos. O gráfico abaixo apresenta a evolução, em pontos, do Ibovespa em 2020. Depois de perder 45% em 23 de março, fechou o ano com resultado positivo de 2,92%.
No câmbio, observamos alguma valorização do real em dezembro, com um otimismo maior nos mercados. A taxa do dólar apresentou queda de 2,98% em relação ao real, no mês. No entanto, ao longo do ano, o que se viu foi uma forte apreciação da taxa do dólar. A própria pandemia contribui para fortalecer o dólar no mundo e a expressiva redução das taxas de juros no Brasil, associada com a crescente incerteza no quadro fiscal brasileiro, que fez o real se desvalorizar em 29,36 em 2020. Na América Latina, por exemplo, o real só não foi pior do que o peso da Argentina, que vive uma das piores crises econômicas da sua história.
Convicção, disciplina e confiança
Como era de se esperar, o ano de 2020 apresentou uma volatilidade significativa em todos os fundos. Mas sempre mantivemos nossa convicção nos processos de Governança da Seguros Unimed, na qualidade e na capacidade de reação dos nossos Gestores, BNP Paribas e Claritas. Com essa convicção, mantivemos firme nossa disciplina na gestão de investimento dos fundos e recomendamos que nossos clientes mantivessem seus investimentos inalterados, pois encerraríamos o ano de 2020 com bons resultados. Mais do que isso, sugerimos que trouxessem novos investimentos para os fundos de Previdência da Seguros Unimed.
No quadro abaixo, temos os dados de rentabilidade dos fundos RV15 e RF100C. Em todas as janelas os fundos entregaram para os investidores rentabilidades muito superiores ao CDI. Em 2020, um ano de enormes desafios, o RV15 encerrou com rentabilidade de 4,45% equivalente a 161% do CDI e no RF100C a rentabilidade foi de 4,31%, equivalente a 156% do CDI.
O novo fundo multimercado, o Unimed Multiestratégia, também apresentou boa performance no mês de dezembro, com rentabilidade de 0,90%, equivalente a 545% do CDI. E nos últimos 3 meses sua rentabilidade foi de 1,73%, equivalente a 362% do CDI.
E vem mais desafios por aí
O ano de 2021 será também desafiador. Pelo Brasil, veremos logo no início do ano a definição das eleições para Presidência da Câmara dos Deputados e do Senado, em fevereiro. Será do resultado dessas eleições que teremos alguma pista de como será conduzida a questão do quadro fiscal e novo quadro político de apoio ao Governo para retomar à agenda de reformas. No mundo, o ritmo da vacinação será determinante para as perspectivas de recuperação da economia global e para afastar de vez o fantasma da Covid-19.
Seguiremos cautelosamente otimistas de que 2021 nos trará dias melhores. A cautela será traduzida por mantermos nossa vigilância dos mandatos de investimentos dos nossos fundos e pela rigorosa disciplina na gestão de risco x retorno nos nossos parceiros BNP Paribas e Claritas.
Um abraço e até a próxima.
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Luiz Sacchetto é administrador de empresas com mais de 30 anos de experiência em finanças. Já atuou em bancos e em empresas dos setores agrícola, farmacêutico, químico e de seguros. Atualmente é Gerente Nacional de Vendas do ramo Previdência na Seguros Unimed.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha programática e ideológica da Seguros Unimed.