Quem sonha em ter o próprio negócio muitas vezes não sabe exatamente por onde ou como iniciar essa trajetória. A melhor maneira de traçar o caminho a seguir é elaborar o plano de negócios, um documento que detalha todos os aspectos fundamentais a se considerar antes de empreender.
Os primeiros passos da jornada empreendedora são decisivos para o sucesso do negócio e dependem da boa análise das oportunidades, riscos e recursos necessários para fazer as coisas acontecerem. O plano de negócios ajuda a estruturar essa análise, traz respostas a uma série de dúvidas e registra o planejamento de médio prazo da empresa antes mesmo da sua abertura.
O que é o plano de negócios?
O plano de negócios é o documento que registra os elementos-chave de um empreendimento, descrevendo seus objetivos e planejando como será seu funcionamento na prática. Ele serve como um roteiro a ser seguido, facilitando a execução de cada etapa descrita na medida em que identifica previamente quais são os riscos e oportunidades, bem como os recursos necessários para realizar seus propósitos.
“Quando surge uma nova oportunidade de mercado, de um novo negócio ou de investimento, a decisão executiva normalmente baseia-se em um plano de negócios”, demonstra a CEO da AGR Consultores, Ana Paula Tozzi. “O plano de negócios é uma ferramenta de análise que concatena todas as variáveis que devem ser aprofundadas em uma visão de geração de resultados para um prazo médio de cinco anos, a depender do tipo de investimento.”
Dessa forma, esclarece Ana Paula, o plano de negócios evidencia “os potenciais de receita, os riscos e o lucro do negócio a ser investido”. Esses apontamentos vêm da reflexão sobre todos os ângulos do projeto e contribui para qualificar a tomada de decisão de empreendedores e investidores. “Todas as linhas de um demonstrativo de resultados, as projeções de fluxo de caixa e as variáveis de impacto serão analisadas e projetadas de forma a dar segurança ao investidor que o projeto está bem construído.”
Fundamental como instrumento para planejar a abertura de uma empresa, o plano de negócios deve ser documentado e revisado periodicamente, mesmo que o empreendimento esteja em pleno funcionamento. É possível que, ao longo do tempo, seja necessário fazer atualizações, corrigir aspectos que não se confirmaram na prática ou acrescentar fatos e situações não previstos anteriormente.
Afinal de contas, o plano de negócios não é um documento para ser guardado na gaveta. Além de orientar gestores na condução do projeto, ele é um recurso que facilita negociações com investidores externos, novos sócios e parceiros comerciais, potencializando, inclusive, as chances de obtenção de crédito.
Empreendimentos que já estão no mercado também se beneficiam do plano de negócios quando buscam a expansão, seja desenvolvendo novas linhas de produtos ou serviços, seja entrando em novos mercados. Essas decisões sempre devem estar amparadas pelo que Ana Paula chama de tese de investimento. “Temos que, através da construção do plano de negócios, ser capazes de defender com profundidade o investimento, seus riscos e seus resultados”.
Dessa forma, podemos destacar as principais vantagens do plano de negócios:
- descreve os elementos-chave do negócio;
- identifica riscos e oportunidades do empreendimento;
- mapeia os recursos financeiros, humanos e materiais necessários para viabilizar o negócio;
- orienta a tomada de decisão dos empreendedores e investidores;
- projeta resultados a serem alcançados;
- facilita negociações e obtenção de crédito;
- estrutura projetos de expansão.
Como elaborar um plano de negócios?
O plano de negócios é um documento que deve refletir todas as perspectivas relacionadas ao empreendimento. Quanto mais completo e detalhado, melhor. A estrutura desse documento não é rígida, mas, normalmente, abrange pontos que são comuns a qualquer projeto.
O Sebrae orienta que seja elaborado levando-se em conta seis pontos principais:
- Sumário Executivo: descreve de forma resumida o que é o negócio, quais são seus diferenciais e uma série de outros detalhes, da missão aos indicadores financeiros. Deve ser elaborado por último, quando todas as informações já estão reunidas, mas é apresentado primeiro, como uma introdução;
- Análise de Mercado: reúne todos os dados relacionados ao mercado de atuação, trazendo dados sobre concorrentes, consumidores e posicionamento do produto ou serviço;
- Plano de Marketing: define como a empresa vai comunicar seus diferenciais para o público e ofertar produtos ou serviços;
- Plano Operacional: estrutura detalhadamente os processos de desenvolvimento e comercialização dos produtos ou serviços da empresa;
- Plano Financeiro: traz o cálculo financeiro de todas as ações planejadas nas etapas anteriores, servindo de base de estimativa do investimento necessário para lançar o negócio no mercado;
- Análise de Cenários: prevê os riscos associados ao negócio de acordo com um conjunto de cenários possíveis, identificando maneiras de administrar essas ameaças.
Depois de reunir todas essas informações, é hora de analisar todos esses pontos, rever projeções e tomar a decisão sobre o investimento. Ana Paula Tozzi salienta que a análise qualitativa do mercado é essencial para conhecer o segmento de atuação, os concorrentes e as perspectivas de crescimento “tanto para a empresa quanto para os produtos que ela comercializa”.
Na parte financeira, Ana Paula enfatiza que “nas análises quantitativas devem constar a projeção para o demonstrativo de resultado (DRE), o fluxo de caixa projetado e o balanço, ou seja, o que denominamos de Tripé Financeiro“.
Um dos segredos nas análises quantitativas, revela Ana Paula, “é saber selecionar as variáveis de impactos que merecem simulação”. Por exemplo, se a empresa vende produto importado é obrigatório que simule as variações do dólar, testando os limites superiores e inferiores da oscilação e seus impactos no tripé financeiro.