A medição do pH bucal surgiu de estudos científicos e avanços na odontologia e bioquímica que buscavam entender melhor o ambiente da boca e seus efeitos sobre a saúde dental.
O pH é um parâmetro essencial na química, e sua aplicação no estudo da saliva e do ambiente bucal permitiu aos pesquisadores identificar a relação entre a acidez, as bactérias e a saúde de dentes e gengivas.
Atualmente, a importância do pH na saúde bucal é inquestionável. Existem parâmetros e testes realizados no consultório odontológico para definir se ele está adequado ou se precisa de reajustes. Saiba mais sobre o assunto a seguir!
O que é pH bucal?
O pH (Potencial de Hidrogênio) é uma medida que nos ajuda a definir se a saliva está ácida, neutra ou básica (alcalina). Ele é medido com números que vão de 0 a 14, uma escala na qual os números abaixo de 7 são considerados ácidos e o que está acima é alcalino.
Para que a saúde dos dentes fique intacta, é importante que o pH se mantenha levemente neutro, variando entre 6,5 e 7,5. Essa neutralidade protege os dentes contra a perda de esmalte e o surgimento das temidas cáries.
Qual a relação da saliva com o pH bucal?
A saliva é essencial para o pH da boca, porque serve como um protetor natural que neutraliza os ácidos produzidos pelas bactérias na digestão de açúcares e carboidratos dos alimentos.
Nossa saliva é composta por bicarbonato, cálcio e fosfato, considerados ideais para proteger os dentes e manter o pH neutro. Por meio dela, o esmalte do dente fica mais forte e mantém os minerais essenciais. Além disso, a saliva tem a função de “lavar” a boca, removendo restos de alimentos e bactérias, contribuindo para a manutenção da saúde oral.
O que altera o pH da boca?
O que comemos, como fazemos a limpeza dos dentes e o estado de saúde bucal, são elementos responsáveis por alterarem o pH da boca. A depender dos cuidados e da alimentação, o paciente pode ter uma boca mais ou menos ácida. Veja os principais agentes de mudança:
- Alimentos e bebidas ácidas, como frutas cítricas, refrigerantes, vinagre, café e vinho, podem baixar o pH da boca, tornando-a mais ácida, favorecendo a desmineralização dos dentes, aumentando o risco de cáries e de erosão dental;
- Alimentos ricos em açúcar e carboidratos fermentáveis, como doces, pães e massas, são metabolizados pelas bactérias da boca, que produzem ácidos como subproduto e reduzem o pH bucal, criando um ambiente favorável à proliferação de bactérias nocivas e ao surgimento de cáries;
- Não escovar os dentes regularmente e deixar restos de alimentos na boca contribui para o acúmulo de placa bacteriana, que produz ácidos;
- Redução da saliva: a saliva ajuda a neutralizar os ácidos na boca, portanto, a redução de sua produção — que pode ocorrer por desidratação, uso de certos medicamentos ou condições como a síndrome de Sjögren — pode levar a maior acidez;
- Fumar e consumir álcool em excesso altera a flora bacteriana da boca e reduz a produção de saliva, contribuindo para um ambiente mais ácido e aumentando o risco de doenças bucais;
- O ácido estomacal que volta à boca em casos de refluxo gastroesofágico também pode baixar o pH da boca, provocando erosão dental e problemas na gengiva;
- O estresse e uma dieta desequilibrada, pobre em frutas, legumes e água, afetam a saúde bucal e o equilíbrio do pH, uma vez que influenciam o sistema imunológico e a produção de saliva.
Quais as consequências de alterações no pH da boca?
O pH da boca não é brincadeira. Dependendo do estágio de acidez, o paciente pode perder o seu dente completamente, além de lidar com problemas de sensibilidade, erosão, aftas e cáries em outras partes da arcada.
Entre as consequências mais graves que acometem os pacientes com alterações de pH, podemos citar:
Aftas
As aftas são feridas que acometem o tecido mole da boca, como as gengivas, língua e bochechas. Quando a acidez bucal está elevada, ocorre o desenvolvimento de lesões na mucosa, caracterizadas por essas pequenas feridas dolorosas.
Embora não sejam diretamente causadas pelo pH ácido, a acidez piora a inflamação, retardando a cicatrização e aumentando a dor.
Cáries
A relação entre o pH e cáries dentárias é estreita, pois quanto mais ácida a boca se torna, com taxas abaixo de 5,5, o esmalte dental começa a se desmineralizar.
As bactérias presentes na boca, ao metabolizar açúcares, produzem ácidos que corroem o esmalte, facilitando o surgimento de cáries.
Com o tempo, essas lesões podem avançar, causando dor e até perda do dente se não forem tratadas.
Desmineralização
Um pH ácido desmineraliza os dentes, removendo minerais essenciais como cálcio e fosfato, fundamentais para manter o esmalte forte. Essa perda de minerais enfraquece o esmalte, tornando-o mais suscetível a cáries e outros danos.
A desmineralização é o primeiro passo para a erosão e o aparecimento de manchas brancas no esmalte.
Erosão dentária
Se o pH ácido persiste por períodos prolongados, a estrutura dental sofre erosão, ou seja, um desgaste contínuo da superfície do dente. Ela deixa os dentes mais finos, menos protegidos e, muitas vezes, com uma aparência amarelada, pois a camada de dentina, que fica logo abaixo do esmalte, fica exposta.
Sensibilidade
Com a erosão do esmalte e a exposição da dentina, os dentes ficam mais vulneráveis a estímulos externos, como alimentos e bebidas quentes, frios, doces ou ácidos. Isso causa a sensibilidade dentária, gerando desconforto e afetando a qualidade de vida, pois a pessoa precisa evitar certos alimentos ou bebidas devido à dor.
O que fazer para reequilibrar o pH bucal?
Existem algumas dicas para equilibrar o pH bucal que são muito simples e podem ser colocadas em prática agora mesmo. Ao usá-las, você conquista um pH equilibrado e protege seus dentes no longo prazo. Veja:
- Manter-se hidratado: pois a água ajuda a estimular a produção de saliva, que, por sua vez, neutraliza ácidos. Beber água também ajuda a “lavar” a boca, removendo resíduos de alimentos que contribuem para a acidez;
- Mastigar chiclete sem açúcar: especialmente os que contêm xilitol, estimulam a produção de saliva. O xilitol, adoçante natural, ajuda a combater bactérias causadoras de cáries, reduzindo a acidez e equilibrando o pH;
- Consumir alimentos alcalinos: como vegetais de folhas verdes, cenouras, pepino, abacate e frutas menos ácidas (como melão e melancia) ajudam a neutralizar o pH da boca;
- Limitar o consumo de açúcares e carboidratos: refinados mantém o pH neutro e evita a proliferação de bactérias que causam cáries;
- Enxaguar a boca após consumir alimentos ácidos;
- Usar creme dental com flúor para remineralizar o esmalte dos dentes, tornando-os mais resistentes aos ácidos. Neste caso, optar por um creme dental com flúor pode ajudar a proteger contra a desmineralização, mantendo o esmalte forte;
- Incorporar laticínios na dieta: como leite, iogurte e queijo, ajudam a aumentar o pH da boca, neutralizando a acidez. Além disso, o cálcio auxilia na remineralização dos dentes, reforçando a saúde do esmalte;
- Evitar o fumo e o consumo excessivo de álcool: eles alteram a produção de saliva e podem favorecer um ambiente mais ácido na boca;
- Consultar um dentista regularmente: para identificar alterações no pH e recomendar tratamentos específicos, como enxaguantes bucais com agentes neutralizantes, para manter o equilíbrio.
Como o dentista mede o PH da boca?
O dentista pode medir o pH da boca de forma rápida e simples, utilizando métodos específicos, com o auxílio de tiras de teste de pH ou aparelhos eletrônicos.
Tiras de teste de pH
São pequenas fitas de papel tratadas com reagentes químicos, que mudam de cor ao entrar em contato com substâncias ácidas ou alcalinas. Para medir, o dentista coleta uma pequena amostra de saliva, coloca a tira diretamente na língua ou na gengiva.
Em poucos segundos, a tira muda de cor, indicando o nível de pH. A cor é comparada a uma escala de pH fornecida com o teste, que vai de ácido (0 a 6), neutro (7) ao alcalino (8 a 14).
Eletrodos de pH digitais
Alguns dentistas usam aparelhos de medição digital com eletrodos específicos para saliva. Esses dispositivos são mais precisos que as tiras de teste e funcionam semelhantemente aos medidores de pH usados em laboratórios.
O eletrodo é colocado em contato com a saliva e o dispositivo exibe o nível de pH em uma tela digital.
Testes de saliva de laboratório
Em casos mais específicos, o dentista envia uma amostra de saliva para um laboratório, onde será analisada a composição química completa, incluindo o pH e outros fatores que influenciam a saúde bucal, como o nível de minerais e o potencial de tamponamento da saliva.
Vimos até aqui que o pH bucal é um fator crucial para a saúde dos dentes e gengivas. Por isso, manter o equilíbrio entre ácido e alcalino na boca ajuda a prevenir problemas como cáries, erosão dentária, sensibilidade e doenças gengivais.
Consultar o dentista regularmente para monitorar o pH bucal e aplicar medidas preventivas específicas são essenciais para conservar a integridade dos dentes e uma boa saúde bucal ao longo da vida.
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