O autismo do ponto de vista médico, é uma condição com causas e apresentações clínicas muito variadas, mas tendo em comum uma importante alteração na comunicação e interação social, incluindo um padrão de interesses e atividades repetitivos. Estas características podem ser visíveis desde a mais tenra idade.
Por isso, o termo ESPECTRO é adequado, pois permite essa ampla variação de características, por exemplo: alguns autistas podem ter habilidades em certas áreas, como uma memória visual prodigiosa, facilidade em aprender idiomas diferentes, enquanto outras podem se balançar, não brincar ou brincar somente conforme suas próprias regras, uns falam, outros não ou falam com o uso de comunicação alternativa. Há um arco-íris de condições humanas caracterizadas por estas dificuldades.
Para saber o diagnóstico, os médicos observam como a pessoa se comporta e se desenvolve, eles podem também pedir avaliação de outros profissionais e exames específicos para descartar outros diagnósticos.
A abordagem terapêutica depende do impacto que as características do autismo causam na qualidade de vida da pessoa. Por isso, o plano terapêutico é sempre multidisciplinar e individualizado, visando o desenvolvimento dos potenciais do autista. Nesse quesito, a intervenção precoce assume papel fundamental como abordagem terapêutica, promovendo o desenvolvimento e melhora na qualidade de vida da criança autista.
Neuroplasticidade
Nosso cérebro possui uma capacidade incrível de se adaptar e se transformar ao longo da vida, em respostas às experiências e aprendizagens, conhecemos essa capacidade como Neuroplasticidade.
Essa flexibilidade do cérebro mostra como ele está sempre se adaptando e mudando para nos ajudar a aprender e crescer ao longo da vida!
Mas quando ainda estamos em desenvolvimento no período intrauterino e logo após nosso nascimento recebemos muitos estímulos e com isso formamos muitas conexões entre os neurônios, mas nem todas essas conexões são possíveis de serem mantidas ou funcionais a longo prazo.
À medida que vamos crescendo e amadurecendo, passamos por um processo geneticamente determinado chamado de poda neural ou apoptose neural, que promove uma “limpeza” de conexões que não estão sendo utilizadas e o refinamento das sinapses cerebrais. Passamos por dois períodos de poda neural ao longo da vida, o primeiro entre o 1º e 3º ano de vida e o outro por volta dos 12 anos de idade. Esse processo é fundamental para otimizar os circuitos neurais e a organização das estruturas administrativas, tornando o cérebro mais eficiente e adaptável ao longo da vida (MOTA; BRITES, 2019).
Pesquisas importantes indicam que os cérebros autistas possuem uma conectividade sináptica diferenciada, processando muitas informações simultaneamente, tornando este cérebro mais acelerado e gastando mais energia (Hashem, S. et al. 2020). Acredita-se que a poda neural no autismo ocorre de modo irregular podendo gerar tanto um excesso de conexões, o que acarreta em um cérebro mais excitável e sensível aos estímulos internos do próprio corpo e externos (ambientais) como também pode levar a perdas de habilidades já adquiridas (MOTA; BRITES, 2019).
O autismo é uma diferença no desenvolvimento
A partir da lei 12.764/2012 (Lei Berenice Piana em alusão a mãe de um autista que lutou arduamente pela sua aprovação), o autismo foi reconhecido como uma deficiência. Essa é uma conquista muito importante, pois somente assim é possível pleitear que os ambientes públicos se tornem locais amigáveis para o autista, removendo barreiras e promovendo adaptações necessárias para que a pessoa com deficiência exerça a sua cidadania. Isso é inclusão, aceitar a pessoa como ela é. Afinal, ninguém deixa de ser autista.
Vestuário, o ambiente, a iluminação, a temperatura, odores, estímulos visuais, som são exemplos de situações que podem se tornar gatilhos sensoriais, ocasionando reações intensas como estresse e ansiedade. Modificar o ambiente para atender as necessidades dos autistas é fundamental para a verdadeira inclusão social.
Ajudar o autista a superar as suas dificuldades e não a apagar a diferença é respeitar a vida como ela é. Afinal, ao longo da vida todos nós podemos precisar de diferentes graus de suporte para exercer a cidadania. O autismo é apenas parte da complexa identidade da criança e compõe a diversidade humana. Um ambiente salutar e respeitoso para o autista é também uma oportunidade de crescimento para todos aprenderem com a diferença.
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A Seguros Unimed criou o Cuidando de Perto: Autismo, um programa de coordenação de cuidado para crianças e adolescentes. Ele contempla ações de educação em saúde, suporte social e emocional, para as famílias, e monitoramento clínico por equipe multidisciplinar. Para saber mais como se inscrever, clique aqui.
Todos os temas abordados foram de grande valia para minha saúde e da família.
Que legal, Darci! Continua acessando nosso Blog para conteúdos frequentes sobre Autismo e neurodiversidade.