As doenças tropicais negligenciadas (DTNs) representam um grave problema de saúde pública em diversas regiões do mundo, principalmente em países em desenvolvimento como o Brasil.
Apesar de causarem risco de morte para cerca 1,7 bilhão de pessoas que vivem nas comunidades mais pobres e marginalizadas do globo, segundo dados do Ministério da Saúde, as DTNs são frequentemente esquecidas em pesquisas, no desenvolvimento de medicamentos e em políticas públicas.
Neste artigo, vamos explorar como as doenças tropicais negligenciadas surgem, quais são as suas principais causas e sintomas, como preveni-las e o que os órgãos públicos podem fazer para mitigar essa situação.
O que são doenças tropicais negligenciadas?
Causadas por diferentes grupos de patógenos, incluindo vírus, bactérias, parasitas, fungos e toxinas, as DTNs são um grupo de doenças diversificadas que acometem, na maioria dos casos, populações mais pobres e sem saneamento básico.
Entre as principais estão:
- Hanseníase;
- Dengue;
- Leishmaniose;
- Esquistossomose;
- Raiva humana transmitida por cães;
- Escabiose (sarna);
- Doença de Chagas;
- Parasitoses intestinais
- Tracoma.
Elas também podem ser chamadas de doenças infecciosas negligenciadas ou doenças infecciosas tropicais, e juntas, causam entre 500 mil e 1 milhão de óbitos anualmente. Este termo “negligenciadas”, inclusive, é usado porque tais doenças estão quase sempre ausentes da agenda global de saúde, recebem pouco financiamento e são associadas à exclusão social.
Quais são as causas e os fatores de risco?
As causas das DTNs são diversas e incluem:
- Acesso limitado à água limpa
- Condições precárias de higiene e saneamento;
- Desnutrição;
- Alto índice de ocupação das moradias;
- Outras infecções simultâneas.
Outros fatores que contribuem para o surgimento desse tipo de problema é a migração e urbanização desordenada, que aumenta a oferta de lixo, diminui o número de predadores dos vetores animais e desordena o meio ambiente.
É importante destacar que a transmissão das DTNs é facilitada por vetores de doenças tropicais e reservatórios animais como caramujos, ratos (no caso das leptospiroses), mosquitos, entre outros.
Por isso, o saneamento básico e a limpeza urbana são tão importantes, assim como a conscientização da população sobre cuidados de higiene pessoal e coletiva. Tudo isso evita atitudes desapropriadas, como jogar lixo nas ruas, deixar água parada, etc.
Como entender os sintomas e tipos de prevenção?
Cada doença apresentará sintomas diferentes, no entanto, alguns dos que podem coincidir são:
- Febre;
- Mal-estar generalizado;
- Dor de cabeça;
- Erupções cutâneas;
- Inchaço;
- Fadiga;
- Problemas oculares.
Como essas características também são comuns a outras doenças, é importante fazer testes para diagnosticá-las corretamente. No caso da dengue, por exemplo, é possível realizar uma coleta de sangue para confirmar o resultado pela diminuição de plaquetas. Em outros casos, no entanto, podem ser necessárias análises mais específicas.
O problema é que muitos testes ainda têm pouca precisão, o que dificulta muito a integração entre DTNs e outros serviços de saúde oferecidos em locais mais vulneráveis.
Essa situação é comentada pela página oficial dos Médicos Sem Fronteiras, associação internacional que leva ajuda a pessoas impactadas por crises humanitárias. De acordo com o órgão, é fundamental garantir maior acesso aos testes de diagnóstico já existentes, além de desenvolver novos, mais modernos e precisos.
Principais diagnósticos e tratamento
O principal tratamento de enfermidades tropicais irá depender da doença que afetou o paciente. No caso da dengue, por exemplo, é indicado redobrar a hidratação, usar dipirona no caso de febres e evitar anti-inflamatórios não esteroidais.
Para tratar as parasitoses intestinais são usados medicamentos antiparasitários e alguns complementos alimentares que combatem possíveis consequências da doença, como as anemias. Na maioria das DTNs, antibióticos e anti-inflamatórios podem solucionar os casos.
Em comparação às demais doenças, pode-se dizer que o tratamento das negligenciadas é relativamente barato e simples.
O que está sendo feito para combater essas doenças?
Desde 2020, o dia 30 de janeiro foi instituído como Dia Mundial de Enfrentamento às Doenças Tropicais Negligenciadas, com o objetivo de incluir o tema nas pautas de saúde ambiental.
Em 2024, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) fizeram um apelo para que todas as pessoas, incluindo líderes e comunidades, possam “participar, agir e eliminar as DTNs” e, dessa forma, garantir melhores condições de vida para as comunidades.
Na ocasião, a diretora do departamento de doenças transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), do Ministério da Saúde do Brasil, Alda Maria da Cruz, comentou que o país tem avançado no processo de redução da carga de DTNs, como a Doença de Chagas (incluída na estratégia de eliminação da transmissão vertical) e do tracoma.
Ainda em 2024, o governo federal lançou o programa Brasil Saudável. Trata-se de uma iniciativa que, por meio da cooperação entre vários ministérios, procura criar ações para enfrentar as DTNs.
Em 2020, a OMS criou o roteiro Ending the neglect to attain the Sustainable Development Goals: a road map for neglected tropical diseases 2021–2030, um plano de 10 anos para combater as 20 principais DTNs e fomentar a saúde pública em regiões tropicais.
Entre as metas globais para 2030 estão:
- Reduzir em 90% a quantidade de pacientes que precisam de tratamento para doenças tropicais negligenciadas;
- Pelo menos 100 países eliminando, no mínimo, uma das 20 doenças listadas;
- Erradicar duas das doenças, sendo elas dracunculíase e bouba;
- Reduzir em 75% os anos de vida perdidos por incapacidade relacionados a essas enfermidades.
A prevenção é a melhor forma de evitar as DNTs!
Como você viu, a melhor forma de prevenção e controle de epidemias, especialmente no caso das enfermidades tropicais, é cuidando do meio ambiente, investindo em higiene e saneamento básico e erradicando a pobreza.
O Brasil já está colocando em prática algumas estratégias para solucionar o problema, mas ainda há muito a ser feito, e cada atitude individual conta! Por isso, além de cuidar da limpeza da sua casa e região, cuide também da sua saúde e se mantenha atento a todos os possíveis sintomas.
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