A gradual redução no número de casos e mortes após o avanço da vacinação contra a Covid-19 escancarou uma discussão sobre a importância dessa medida. Alguns males deixaram de existir graças a essa proteção, e aqui vamos relembrar as doenças erradicadas com vacinas.
Quando falamos em erradicação de doenças, queremos dizer que o mundo todo reduziu a zero a prevalência de determinada doença infecciosa.
Sendo assim, é incorreto afirmar que há doenças erradicadas no Brasil. Dizemos que certas doenças foram eliminadas no país ou em outra localidade.
O termo correto, “eliminação”, diz respeito à redução a zero de uma doença em uma região ou, ainda, ao alcance de um patamar irrisório em escala global. Ou seja, é um caminho promissor rumo à erradicação.
Como a vacina funciona?
A história da vacina remonta ao século XVIII, quando Edward Jenner descobriu a vacina antivariólica. Desde aquela época até os dias de hoje, o seu funcionamento é similar e tem sido bem-sucedido para a prevenção de diversos males.
Temos primeiramente que entender como o nosso sistema imunológico opera para então compreender como a vacina age.
Ao menor sinal de um invasor — como o vírus da Covid-19, da varíola, entre outros — entrando em contato com o nosso organismo pela primeira vez, o sistema imunológico inicia a produção de anticorpos. Eles são fundamentais para combater o patógeno.
Dependendo do tipo de agente invasor e das condições de saúde do indivíduo, essa etapa pode se estender por cerca de duas semanas, um período no qual a doença tem grandes chances de se agravar.
A vacina age antecipando essa possível invasão. Ou seja, ela vai estimular o sistema imunológico a reconhecer o agente patológico, que é inserido no corpo humano enfraquecido e praticamente incapaz de nos causar mal, antes que ele de fato nos ataque.
Dessa maneira, se o indivíduo em algum momento de sua vida entrar em contato com o patógeno, o organismo já saberá “o caminho das pedras” para criar anticorpos e reagirá antes mesmo de adoecermos ou desenvolvermos uma forma grave da doença em questão.
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Doenças erradicadas por meio da vacinação
Embora exista um enorme esforço global na erradicação de doenças como poliomielite, sarampo e rubéola e difteria, a varíola é a única doença erradicada no mundo graças à vacina.
A doença, causada por um vírus da família Poxviridae, já foi uma das mais preocupantes em todo o mundo. Estima-se que, somente nos 80 anos em que esteve ativa, a varíola tenha sido responsável pela morte de 300 milhões de pessoas globalmente — a título de comparação, a Covid-19 fez cerca de 5 milhões de vítimas.
A infecção é altamente contagiosa e é transmitida pelo vírus presente em gotículas que o paciente infectado expele pelo nariz ou pela boca. Entre os sintomas, o mais característico é a erupção cutânea que, em casos extremos, a varíola deixava os sobreviventes desconfigurados ou cegos devido a infecção nas córneas.
A erradicação da varíola foi possível graças a uma série de programas, medidas e ações combinadas empreendidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a partir de 1967. Antes disso, as tentativas eram difusas, e, no Brasil, gerou a Revolta da Vacina, em 1904.
O ano em que a varíola foi erradicada no Brasil foi em 1971. Os últimos casos relatados ocorreram na Somália em 1977, e no Reino Unido em 1978. A varíola foi declarada oficialmente erradicada pela OMS em 1980, e os esforços representam um dos maiores êxitos da saúde pública no mundo.
Doenças perto da erradicação
Desde o marco atingido com a vacinação contra a varíola, a humanidade busca alcançar um sucesso similar com outras doenças, inclusive com o novo coronavírus.
O Brasil conta com mais de 100 anos de realização de campanhas de vacinação, e, nesse período, foi capaz de controlar e eliminar alguns males.
O principal exemplo é a poliomielite, que tem expectativa de ser a segunda doença erradicada com a vacina. O combate é feito com a famosa vacina oral — a gotinha — e previne contra a paralisia infantil, que, em seu auge, atingiu mais de mil crianças por dia. O Brasil não registra casos há 33 anos.
A vacina contra o tétano também alcançou uma ampla cobertura no Brasil. O país faz a administração em três doses com intervalos específicos e reforço a cada 10 anos — embora as mortes por tétano acidental ainda sejam significativas.
No entanto, os brasileiros eliminaram o tétano neonatal, que pode acometer o recém-nascido nos primeiros 28 dias de vida. O bebê passou a ser imunizado por meio da vacinação materna, o que fez com que a doença fosse declarada extinta em 2017.
O perigo da reintrodução de doenças
O sarampo foi eliminado do Brasil em 2016, uma notícia muito celebrada na época. Porém, em 2019, deixamos de ser um país livre da doença.
Segundo a OMS, o número de crianças contaminadas pela doença em 2019 foi o mais alto registrado em 23 anos, e as mortes globais aumentaram quase 50% desde 2016. Ou seja, a doença ainda está longe de ser erradicada do planeta.
Se os governos interromperem as suas campanhas de vacinação, ou se as pessoas não tomarem as vacinas ou levarem seus filhos para serem vacinados, novos surtos de doenças como o sarampo poderão surgir e trazer impactos tão devastadores quanto aos da Covid-19.
Se houver empenho, é possível que, no futuro, tenhamos mais doenças erradicadas com vacinas.
A vacinação vem tendo papel importante para prevenir males e evitar sofrimento e mortes em todo o mundo. Não deixe de tomar as vacinas conforme as recomendações do Ministério da Saúde para ter mais saúde e qualidade de vida. Para se proteger e se manter informado, conte com o seguro de saúde da Unimed!