A próxima quinta-feira (28) será marcada pelo combate à mortalidade materna, relacionada a complicações durante a gestação ou o parto. De acordo com a OMS – Organização Mundial da Saúde –, entre 1990 e 2013, houve uma queda de 43% em óbitos desse tipo no Brasil, mas a meta é alcançar 75% de redução, de acordo com os Objetivos do Milênio estabelecidos pela ONU – Organização das Nações Unidas. No mundo, os índices são alarmantes. A cada dois minutos, uma mulher morre devido a complicações na gravidez.
Para diminuir o número de vítimas, é necessário garantir acesso ao pré-natal, ao planejamento reprodutivo, humanizar os partos e acompanhar de perto a saúde do bebê, entre outras iniciativas. O programa federal Rede Cegonha, criado em 2011, é uma das políticas públicas criadas para atender exclusivamente à demanda de gestantes e bebês por serviços de saúde.
Porém, existe um paradoxo no Brasil quando o assunto é mortalidade materna. Segundo a advogada Beatriz Galli, a cobertura pré-natal alcança 91% das grávidas brasileiras e quase 98% dos partos acontecem em hospitais, números que não correspondem à taxa elevada de óbitos. “Essa inconsistência sugere atenção pré-natal e parto de baixa qualidade”, afirma ela, assessora de políticas para a América Latina do Ipas, ONG ligada aos direitos humanos, sexuais e reprodutivos das mulheres.
Como razões, a especialista aponta a má-formação de profissionais, falta de acesso a serviços qualificados de emergência e urgência, assim como o excesso do uso de medicamentos e tecnologias sem evidências cientificas que comprovem que são realmente necessários. Estes podem causar problemas sérios, como hemorragia, no caso do hormônio ocitocina. Outro fator é o número elevado de cesáreas realizadas no país. A média anual é de 46,6%, mais de três vezes acima dos 15% recomendados pela OMS. Na rede privada, o percentual sobe para 85%.
Fonte: BBC (http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/03/150306_mortalidade_materna_jc_ru)