O número de diagnósticos de câncer de pele no país é alto: são 185 mil novos casos todos os anos no Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA). Dada esta incidência, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) lançou a iniciativa Dezembro Laranja.
O mês temático surgiu dentro da Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer da Pele, que ocorre sempre no último mês do ano. Em um dos dias, inclusive, milhares de dermatologistas e voluntários realizam consultas gratuitas para diagnosticar a população.
Com a alta quantidade de diagnósticos, a SBD adotou a estratégia de lançar o Dezembro Laranja, buscando dar ao câncer de pele a mesma visibilidade que o câncer de mama e o câncer de próstata ganharam com as iniciativas Outubro Rosa e Novembro Azul.
Para que serve a campanha Dezembro Laranja?
A iniciativa Dezembro Laranja tem como objetivo conscientizar toda a população sobre os riscos da exposição solar excessiva e desprotegida ao longo da vida, além dos perigos das queimaduras solares e das câmaras de bronzeamento artificial.
Segundo o INCA, o câncer de pele representa 33% de todos os diagnósticos da doença no país. Se não for identificado o quanto antes, a doença pode deixar lesões mutilantes ou desfigurantes no corpo, o que causa sofrimento aos pacientes. Casos graves podem acabar em mortes.
Entre 2008 e 2017, houve 33.339 mortes causadas pelo câncer de pele, e, de janeiro de 2009 a setembro de 2019, foram 394.770 internações por conta da doença — uma despesa de R$ 454,6 milhões para o Sistema Único de Saúde (SUS), em valores da época.
Quando surgiu o Dezembro Laranja?
O mês temático surgiu em 2014. No entanto, a SBD realiza a Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer da Pele desde 1999.
A campanha é realizada propositalmente em dezembro, mês em que começa o verão no hemisfério Sul, e quando muitas pessoas tendem a se expor ao sol de forma equivocada, como, por exemplo, bronzear-se na praia durante o horário de pico.
Qual o significado do Dezembro Laranja?
A escolha da cor laranja não foi à toa. A tonalidade remete aos raios solares, principais causadores dos danos que resultam no câncer de pele.
No mesmo período, vigora a campanha de prevenção à AIDS e HIV, associadas à cor vermelha. Somadas, às iniciativas formam a campanha Dezembro Laranja e Vermelho.
Saiba mais sobre o câncer de pele
Na maioria das vezes, o câncer de pele é tratável. Os sinais da doença podem ser percebidos a olho nu por quem está bem informado sobre o assunto, e os cuidados no dia a dia são essenciais para reduzir os riscos.
Tipos de câncer de pele
O câncer de pele é classificado em dois tipos. O melanoma é o mais agressivo, radical e menos frequente (somente 5% dos casos) e os não-melanomas, mais usuais, que atingem as camadas mais superficiais da pele, e se dividem em:
- Carcinoma basocelular (CBC): é o mais comum entre todos os tipos. Ele atinge as células basais, que se encontram na epiderme (camada superior da pele). Tem baixa letalidade e pode ser curado em caso de detecção precoce.
- Carcinoma espinocelular (CEC): é o segundo tipo mais prevalente de câncer de pele. Manifesta-se por meio de células escamosas nas camadas superiores da pele.
Como diagnosticar
A melhor forma de identificar sinais desse câncer é ficar atento à própria pele.
O melanoma geralmente surge a partir de uma pinta ou um sinal na pele, em tons castanhos ou pretos. Eles mudam de cor, formato e tamanho, e podem até mesmo sangrar. Eles podem aparecer em qualquer área do corpo.
Nos casos em que há metástase, o paciente pode apresentar outros sintomas: nódulos na pele, inchaço nos gânglios linfáticos, falta de ar ou tosse, dores no abdômen e na cabeça.
Já as lesões do tipo não-melanoma surgem principalmente em partes do corpo que ficam mais expostas ao sol, como rosto, pescoço, couro cabeludo, ombros e braços. Quanto à sua aparência, são avermelhados, podem ser brilhantes ou espessos e descamativos, como uma ferida que não cicatriza, e ocasionalmente pode haver sangramento.
Fatores de risco
Indivíduos de pele, cabelos e olhos claros, que se queimam com facilidade quando expostos ao sol (fototipos 1 e 2) têm mais risco de desenvolver a doença. Entretanto, o câncer de pele pode se manifestar mais raramente nos demais fototipos, como a pele negra.
Pessoas que passaram longos períodos sob o sol sem proteção ou com proteção incorreta, como carteiros e motoboys, também têm um risco aumentado de desenvolver a doença no futuro. Câmaras de bronzeamento artificial e lâmpadas solares também aumentam as chances.
A hereditariedade deve ser levada em conta, principalmente para o melanoma. Familiares de pacientes diagnosticados com a doença devem realizar exames preventivos regularmente.
Tratamentos
O tratamento para cada tipo de câncer dependerá de quão avançada a lesão está, bem como o tipo e a extensão do problema.
Há grandes chances de cura quando a doença é descoberta precocemente — até mesmo o melanoma, que é letal em 46% das vezes, tem 90% de chance de cura se for tratado logo.
Há diversas opções terapêuticas para tratar o câncer da pele não-melanoma, e a maior parte demanda procedimentos simples, como pequenas cirurgias, curetagem, crioterapia e terapia fotodinâmica.
O melanoma recebe um tratamento mais complexo. A cirurgia é realizada na maioria dos casos. Se houver metástase, a doença não tem cura, mas, com algumas terapias como quimioterapia, radioterapia, imunoterapia e a recente e inovadora terapia-alvo oral, o paciente pode viver mais tempo e com mais qualidade de vida.
Dicas de prevenção
A forma mais eficiente de se prevenir durante o Dezembro Laranja e todo o ano é evitar a exposição aos raios UVB e UVA do sol, que são mais fortes entre 10h e 16h, inclusive nos dias nublados e chuvosos.
O uso do filtro solar com fator de proteção solar (FPS) 30, no mínimo, é obrigatório para todas as peles e áreas descobertas do corpo. A reaplicação a cada duas horas é muito importante para renovar a proteção e ficar protegido o dia todo.
Além disso, quando for necessário se expor ao sol, além do filtro solar, é altamente recomendado o uso de boné, chapéu, óculos de sol e roupas com proteção contra os raios UV.
Por fim, o acompanhamento anual e periódico com um dermatologista é essencial para identificar e monitorar sinais que podem se tornar um câncer, afinal, há partes do corpo difíceis de visualizar sozinho.