O Brasil já soma 10 milhões de trabalhadores que tiveram os salários e as jornadas reduzidas ou o contrato de trabalho suspenso em razão da pandemia da COVID-19, indica o Ministério da Economia. Este número representa 30% das pessoas com carteira assinada no setor privado. Então, como administrar nossas finanças pessoais nesta fase?
O procedimento adotado pelas empresas consta na medida provisória (MP) 936 editada pelo presidente Jair Bolsonaro no dia 1 de abril, com a justificativa de evitar demissões durante a crise do coronavírus.
Diante deste cenário, as famílias que perderam renda podem ter dificuldade para organizar as finanças. Victor Barboza, especialista em finanças pessoais, diz que momentos de crise exigem um controle financeiro especial.
“Para isto, é fundamental fazer um planejamento para os próximos meses, projetando as entradas e as saídas em busca de um equilíbrio nas contas”, afirma.
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Coloque sua renda e despesas na ponta do lápis
Utilize uma folha de papel, planilha ou aplicativo para organizar seu salário e todos os seus gastos. Esse passo é essencial para saber como você gasta o seu dinheiro todos os meses.
Para te ajudar a organizar as finanças pessoais, você pode utilizar o modelo de orçamento 50/30/20 que divide o seu salário líquido – valor que cai na sua conta com os descontos – em três categorias: essenciais, supérfluos e investimentos.
- 50% para os gastos essenciais que são: aluguel, alimentação, água, luz, plano de saúde, TV por assinatura, telefone e internet;
- 30% para os gastos supérfluos: compras, presentes, comida por aplicativo no seu restaurante favorito, entre outros;
- 20% para guardar: este é o percentual indicado para poupar dinheiro que vai para a sua reserva de emergência ou investir para realizar algum sonho.
Essa fórmula pode ser adaptada à sua realidade financeira. Portanto, é possível dividir seu salário líquido em 70/20/10, 80/10/10 ou 85/10/5.
Para quem possui dívidas, é recomendado não comprometer mais que 30% da renda com o pagamento dos débitos. Mais que isso, o seu orçamento pode ficar muito apertado e você terá dificuldade para quitar seus compromissos.
Procure reduzir os gastos
A partir do orçamento fica mais fácil avaliar e identificar quais despesas podem ser reduzidas, cortadas e negociadas.
No cenário de crise, ligue na operadora da TV por assinatura e verifique se existe um pacote mais barato ou então, considere suspender temporariamente e ficar apenas com os serviços de streaming que são mais baratos.
Fique atento aos gastos com supermercado que podem aumentar neste período de isolamento social. Para tentar economizar, faça um cardápio semanal ou quinzenal com os pratos que você vai cozinhar.
Assim, você faz uma lista de compras apenas com itens que vai consumir, evita o desperdício de alimentos e diminui as saídas na rua.
Outra opção é renegociar pagamentos, como o aluguel, condomínio e financiamentos. Apresente a sua atual situação financeira para conseguir negociar melhores prazos, preços e taxas.
Só não deixe de conversar, pois o credor pode encarar como negligência da sua parte.
Planeje os gastos para os próximos meses
Com a renda e as contas no papel, é hora de fazer o planejamento financeiro para projetar as despesas nos próximos meses, controlar o dinheiro e evitar surpresas na hora de pagar a fatura do cartão de crédito ou ao olhar o saldo na conta bancária.
Segundo Barboza, o planejamento financeiro deve ser feito nos bons e maus momentos financeiros. Para este período de crise, ele explica que é necessário considerar um cenário mais pessimista, na qual entra menos dinheiro.
“Devemos listar todos os gastos e verificar quais podem ser cortados, reduzidos e negociados. O importante é contrastar as receitas com as despesas previstas e fazer de tudo para que haja uma folga financeira. Caso contrário, a pessoa pode ficar endividada e sofrer ainda mais para sair deste cenário de dificuldade”, orienta.
Geralmente, o planejamento financeiro é feito sob uma ótica mensal, mas diante das incertezas é importante revisá-lo semanalmente para não perder o controle dos gastos.
Profissionais autônomos, liberais e microempreendedores individuais que costumam ter uma renda variável precisam ter ainda mais atenção na hora de fazer o planejamento financeiro.
Fernanda Prado, planejadora financeira, recomenda fazer o planejamento a partir de uma estimativa de queda nos rendimentos. “É necessário conhecer essa nova realidade e fazer os ajustes continuamente, pois é um processo dinâmico.
Para quem tem uma renda fixa e teve o corte no salário fica mais fácil fazer o diagnóstico, mas se é um profissional liberal, por exemplo, é preciso observar o percentual de queda na renda e acompanhar, porque são números que só a realidade vai informar”, diz.
Controle os gastos no cartão de crédito
Em tempos de crise e redução da renda, o cartão de crédito é a grande solução para compras no supermercado ou emergências, como quando a geladeira quebra e você não tem uma reserva para comprar outra ou consertar.
No entanto, é importante entender que o cartão de crédito é um meio de pagamento para ser utilizado com cautela. A praticidade desse recurso pode se transformar em um pesadelo quando o consumidor não consegue pagar as faturas em dia.
Para se ter uma ideia, os juros total do rotativo do cartão de crédito estão entre os mais altos do mercado. Dados do Banco Central apontam que a taxa chegou a 313,4% em abril de 2020.
Em razão desses juros astronômicos, o cartão de crédito é a principal causa de endividamento para 76,1% das famílias brasileiras, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Portanto, o uso deve ser planejado e controlado de acordo com o seu orçamento para não cair na bola de neve do endividamento. “Defina limites de gastos e faça o acompanhamento das faturas para ver se conseguirá pagá-las em dia”, alerta Barboza.
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Jamais opte pelo pagamento mínimo da fatura, pois no mês seguinte o valor será ainda maior. Caso não consiga pagar para organizar suas finanças pessoais, considere trocar a dívida do cartão por outra mais barata, como um empréstimo pessoal com menores taxas.
“É importante pesquisar as diversas instituições, como os bancos tradicionais e as fintechs de crédito para avaliar as oportunidades, comparar as taxas de juros e verificar suas condições financeiras para assumir as parcelas”, finaliza Prado.”
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