Os avanços científicos e tecnológicos para detecção e tratamento do câncer de mama são significativos. No entanto, os cuidados não podem ser negligenciados.
O câncer de mama é o tipo mais comum entre mulheres no mundo todo. Estima-se, no Brasil, 60 mil novos casos por ano. A boa notícia é que, se detectado precocemente, as chances de cura se aproximam a 100%, de acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM).
O mês de outubro é celebrado para alertar e relembrar sobre a importância da prevenção à doença.
O autoexame, visual e manual, para identificar sinais como caroços, mudanças na aparência ou sintomas (descamação, vermelhidão, dor, etc.) é fundamental, mas a visita regular ao médico e a realização de exames precisos são determinantes para a descoberta precoce de eventuais tumores malignos.
“Não à toa, neste Outubro Rosa a Sociedade Brasileira de Mastologia lançou uma campanha chamada Quanto Antes Melhor”, afirma Gilberto Amorim, oncologista da Oncologia D’Or do Rio de Janeiro e titular da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), da American Society of Clinical Oncology e da European Society of Medical Oncology.
Abaixo, o médico esclarece alguns pontos sobre a doença.
Qual o exame mais indicado para detecção de tumores malignos?
A mamografia é o principal exame diagnóstico para detecção precoce do câncer de mama. Às vezes, calcificações muito pequenas não aparecem no ultrassom e não são vistas na ressonância. O autoexame, embora importante, também não detecta precocemente um tumor.
Com que idade a mulher deve começar a fazer a mamografia?
A idade é uma controvérsia no mundo inteiro. A maior parte das recomendações internacionais refere-se a iniciar aos 50 anos em pacientes sem história familiar.
Outros grupos defendem que a mulher comece a realizar a mamografia aos 40 anos.
No Brasil é recomendado que mulheres de 50 a 69 anos façam uma mamografia a cada dois anos.
Por que a mamografia de rastreamento não é indicada para mulheres com menos de 50 anos?
Antes dessa idade, as mamas são mais densas e com menos gordura, o que limita o exame e gera muitos resultados incorretos.
Quais são os tipos de nódulos mais comuns?
Na maioria das vezes, os nódulos serão benignos, mas merecem vigilância.
Há nódulos que têm claramente características benignas, como fibradenoma ou lipoma. Eles merecem apenas acompanhamento frequente com ultrassonografia e exame clínico.
Alguns nódulos mais complexos, cistos de difícil avaliação, podem exigir exames mais sofisticados e, eventualmente, se houver dúvida, biópsia. Já em casos selecionados, é feita a retirada completa do nódulo.
Claro que é necessária uma avaliação completa, feita frequentemente por parte do mastologista, que é o médico mais habilitado. Muitas vezes o ginecologista também faz o acompanhamento desses nódulos.
Nos últimos anos, houve diversos avanços nos tratamentos. O que destacaria?
É um assunto extenso, que resumirei de forma simples.
As cirurgias de câncer de mama estão ficando cada vez menos agressivas, em muitos casos. Ainda que eventualmente uma cirurgia mais radical seja necessária, as técnicas de cirurgia plástica também evoluíram bastante.
Outra mudança importante no tratamento dos casos de câncer de mama em que a radioterapia é necessária deu-se no que chamamos de escalonamento do tratamento: são tratamentos mais curtos, com menos sessões de radioterapia, com equipamentos capazes de planejar a radiação poupando órgãos e tecidos que não precisam ser atingidos.
Portanto, a eficiência do tratamento melhorou, a segurança melhorou e o tempo total de tratamento diminuiu.
Do ponto de vista de quimioterapia e tratamentos sistêmicos, também temos avanços. Menos pacientes precisam de quimioterapia atualmente, pois testes moleculares sofisticados conseguem avaliar melhor a necessidade de realizar a quimioterapia pós-operatória.
Mesmo com a doença avançada, há inúmeros tratamentos que conseguem aumentar a expectativa de vida do paciente e fazer com que viva mais e melhor. Mais pacientes controlam melhor a doença: isso é real.