Amamentar não tem apenas a ver com a alimentação nos primeiros meses de vida. O aleitamento materno protege bebês e crianças de doenças, sendo chamada pelo Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância (Unicef) de primeira “vacina” do bebê.
Além de conter nutrientes, o leite materno também tem hormônios, fatores de crescimento, bactérias benéficas ao intestino infantil e anticorpos. Estes últimos, segundo Ministério da Saúde, protegem o bebê de doenças como diarreia e infecções, principalmente as respiratórias.
Um estudo, publicado no periódico Annals of Allergy, Asthma and Immunology em maio deste ano, mostrou que quanto mais tempo os bebês são amamentados, menores são os riscos de asma.
Quando consumido por períodos mais longos, o “pacote” completo oferecido pelo leite materno é associado também a um menor risco de sobrepeso e obesidade, diabetes tipo 1 e 2, leucemia infantil e má oclusão dentária, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Mais recentemente, estudos apontam que o leite produzido por mães vacinadas contra a covid-19 ainda pode conter anticorpos contra a doença e passá-los aos bebês.
Além disso, a amamentação também pode deixar bebês e crianças mais inteligentes. Diversos estudos associaram o consumo de leite materno a um maior QI.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o leite materno deve ser o alimento exclusivo da criança nos primeiros seis meses de vida. E a amamentação deve ser mantida, por livre demanda, por pelo menos até os dois anos.
Em se tratando de alimentação, o leite materno, além de ser fonte de nutrientes, pode ser a única fonte alimentar para muitos bebês e crianças, especialmente na falta de outros alimentos ofertados.
Benefícios para as mães
O aleitamento materno não é benéfico apenas para os bebês e crianças. Segundo a SBP, a mãe que amamenta volta mais rapidamente ao seu peso normal e tem menos risco de desenvolver diabetes e infarto.
São menores também os riscos de sangramento pós-parto, anemia, câncer de mama e ovário.
O ato em si também promove a liberação de hormônios, como a oxitocina, também chamado de hormônio do amor, que aumenta a sensação de bem-estar e o vínculo com o bebê.
Campanha incentiva amamentação desde 1992
É por essa quantidade de benefícios que o Agosto Dourado incentiva o aleitamento materno. Criada em 1992 pela OMS, em parceria com a Unicef, a campanha tem o objetivo de sensibilizar médicos e a sociedade para a importância da amamentação.
A cor dourada, escolhida para o nome da campanha, está relacionada ao padrão-ouro de qualidade do leite materno, que, como você viu, não só é benéfico para o bebê mas também para as mães.
O Brasil está no caminho para o tempo ideal de amamentação. De acordo com uma pesquisa feita pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e publicada em 2021, houve um aumento de mais de 12 vezes da prevalência de amamentação exclusiva entre crianças menores de quatro meses no país, em relação a 1986.
Mas ainda estamos distantes das metas da OMS para 2030. A Organização pede que 70% dos bebês sejam alimentados na primeira hora de vida e 60% até os dois anos. No Brasil, chegamos a 62,4% de amamentação na primeira hora de vida e 35,5% aos dois anos.
Outro problema encontrado pelo estudo foi que metade das crianças brasileiras de até dois anos usa mamadeiras e chupetas. Esses objetos podem prejudicar a continuidade do aleitamento materno, já que podem prejudicar a regularidade da ingestão de leite ou o apetite mais tarde na infância.
Para chegarmos ao ideal, ainda há um caminho a percorrer. Por isso, campanhas como o Agosto Dourado são importantes. No caso da amamentação, a proteção é para a vida inteira.