O perfil dos idosos brasileiros mudou. Eles estão conectados e 91% acessaram a internet pelo celular, de acordo com a pesquisa TIC Domicílios 2018, do Cetic.Br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação). Para especialistas, este avanço e o uso de produtos digitais como aplicativos e videogames podem auxiliar na prevenção do declínio cognitivo e mantê-los ativos, retardando o envelhecimento.
O avanço da idade provoca muitas mudanças no corpo, incluindo a redução das capacidades cognitivas e sensoriais que podem afetar a qualidade de vida na maturidade e acarretar dificuldades nas habilidades motoras, convívio social e realização de tarefas cotidianas.
Jogos são aliados
Desta forma, os aplicativos de jogos são recomendados por profissionais médicos para minimizar os impactos do envelhecimento e manter o cérebro ativo. “A ideia é proporcionar maior funcionalidade ao idoso, simplificar a vida, mas também tirar a pessoa da zona de conforto e desafiar seu intelecto para que não caia num ciclo de atrofia, que infelizmente é bastante comum”, afirma Paulo Camiz, geriatra e fundador do aplicativo Mente Turbinada.
O Mente Turbinada foi criado por um grupo de médicos e neurocientistas que desenvolveram jogos para estimular o cérebro. O aplicativo tem cerca de 80 mil usuários somando a versão gratuita e paga. “Ainda que não tenhamos conduzido nenhum trabalho científico específico com o aplicativo, temos relatos de todos os usuários dizendo que estão se divertindo e melhorando sua agilidade intelectual”, diz Camiz.
O mercado digital para os maduros
Apesar de inseridos no mundo digital e serem usuários assíduos das redes sociais com 90% usando WhatsApp e 86% Facebook, segundo a pesquisa Tsunami60+, realizada pela Hype 60+, consultoria especializada no consumidor sênior, os idosos ainda são invisíveis para as empresas de tecnologia.
Normalmente, os produtos digitais são desenvolvidos para os millenials, sem considerar as regras do design universal que utiliza letras grandes, contraste de cor e boa usabilidade para atender todas as pessoas.
No Brasil, eles movimentam R$ 1,8 trilhões
O Estudo Mais Idade aponta que os consumidores maduros já movimentam mais de R$ 1,8 trilhões no Brasil. Por isso, não os considerar nas estratégias de negócio das empresas é um erro, já que são eles os principais responsáveis econômicos das famílias brasileiras, shoppers e influenciadores, de acordo com Layla Vallias, especialista em marketing da Hype 60+.
“Um em cada quatro reclama da falta de produtos e serviços pensado neles. A demanda já existe, o que falta são marcas que criem ofertas que dialogam com a nova longevidade. Em breve seremos o 6º país mais velho do mundo, as empresas precisam se adaptar a essa realidade e rápido, entendendo os sonhos, desejos e desafios desses consumidores e se relacionando com eles”, ressalta Vallias.
No Brasil, alguns negócios digitais já entenderam a importância de criar produtos para os consumidores maduros. É o caso da ISGame, criada por Fabio Ota, que é uma escola que ensina pessoas com mais de 50 anos a desenvolverem games por meio do projeto “Cérebro Ativo”. A iniciativa estimula as funções cognitivas para melhorar a memória, raciocínio lógico e a qualidade de vida dos idosos.
Ota acredita que as empresas têm a missão de desenvolver produtos e serviços que contribuam para essa fase da vida [maturidade], que cada dia se alonga mais. Para isso, é necessário ouvir, entender as necessidades, desejos e incluir o consumidor sênior nos processos de desenvolvimento dos aplicativos e jogos.
“Hoje o maduro é muito diferente do modelo que a maioria tem em mente. Eles são usuários de tecnologia e precisam de orientação para fazerem uso cada vez mais dos benefícios da tecnologia. Quando o aluno da Isgame entra na escola, ele passa por um processo de inclusão digital, aprende a jogar e em seguida a desenvolver games”, finaliza.
kws: envelhecimento, aplicativos, capacidade cognitiva, qualidade de vida