Pessoas maiores de 18 anos podem ter risco elevado de desenvolver diabetes em até 10 anos caso estejam em situação de insegurança alimentar. É o que indica um estudo dos Estados Unidos, publicado no Journal of Nutrition em março deste ano, realizado pela Universidade Estadual de Washington.
A pesquisa contou com a participação de 4 mil pessoas da National Longitudinal Study of Adolescent to Adult Health (Estudo Longitudinal Nacional da Saúde do Adolescente à Saúde do Adulto, na tradução livre).
As métricas de análise incluíram os fatores de risco para insegurança alimentar, como peso, diabetes e características sociodemográficas. Modelos matemáticos calcularam os efeitos da associação do risco na alimentação com obesidade e diabetes.
O risco de aumento do Índice de Massa Corporal (IMC) foi associado a uma dieta pobre em nutrientes, bem como a incidência de diabetes, desde os primeiros anos de uma pessoa jovem adulta até a meia idade.
De acordo com o levantamento, pessoas entre 24 e 32 anos, que demonstraram ter alguma restrição ou falta de acesso a alimentos, mostraram taxas mais elevadas para diabetes tipo 2 ao longo do tempo.
O que é ‘insegurança alimentar’?
Ela é classificada em diferentes graus, desde não conseguir ter uma alimentação adequada, até mesmo a privação extrema das refeições. Existem situações que são consideradas crônicas ou apenas esporádicas.
A divisão desta modalidade da fome é composta por três níveis:
- Grau leve: quando se opta por comer produtos inferiores, priorizando a quantidade em vez da qualidade dos alimentos;
- Nível moderado: quando os responsáveis precisam escolher entre se alimentar satisfatoriamente ou não, para evitar que as crianças da residência tenham algum risco alimentar, podendo ficar até sem comer para priorizar os pequenos;
- Nível grave: a completa privação de alimentos, inclusive das crianças.
Má alimentação associada à diabetes
A diabetes é um problema crônico nos Estados Unidos, de acordo com o Centers for Disease Control and Prevention (Centros de Controle e Prevenção de Doenças, na tradução livre), 37 milhões de pessoas têm diabetes nos Estados Unidos, algo em torno de 23% da população adulta, a doença foi a principal ‘causa mortis’ em 2020. No mundo todo, a condição está associada a 1,5 milhão de óbitos todos os anos, segundo Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os cientistas que elaboraram a pesquisa não apontam causas diretas para o desenvolvimento da diabetes tipo 2, doença caracterizada por elevar os níveis de glicose no sangue. Mas pode-se afirmar que a insegurança alimentar, responsável por uma má alimentação, seja por privação ou pelo acréscimo de refeições com baixo valor nutricional, impacta na saúde.
De acordo com a publicação, outros estudos têm demonstrado correlação entre essa preocupação com a insegurança alimentar e o maior risco de doenças crônicas relacionadas à falta de alimentação balanceada.
Analisando os dados no Brasil, vale ressaltar, que de acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os indicadores de insegurança alimentar se agravaram com a chegada da pandemia, atualmente quase 60% da população brasileira está em algum nível de insegurança alimentar, esse percentual mostra que 125 milhões de pessoas estão nessa condição, um aumento de 7,2% desde a chegada da covid-19 no país.