Instituído em 1988, 27 de novembro marca o Dia Nacional de Combate ao Câncer. A data é uma forma de conscientizar a população sobre a doença, sobretudo dos cuidados para preveni-la.
O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), Alexandre Ferreira Oliveira, afirma que algumas adaptações no estilo de vida ajudam a prevenir o câncer. Segundo o médico, somente 5% a 10% dos casos da doença têm relação com heranças genéticas adquiridas ao nascer — ou seja, a maior incidência ocorre pela exposição aos fatores de risco.
Dessa forma, é fundamental evitá-los e priorizar uma rotina equilibrada, com prática de exercícios físicos e alimentação balanceada. Um dos principais alertas também está associado ao tabagismo, que pode facilitar o desenvolvimento de câncer.
O que é o câncer e como ele se desenvolve?
Uma pessoa pode ter tumores benignos ou malignos. Esses últimos têm maior potencial de se espalhar pelo organismo e afetar outros órgãos. Por isso, são sinônimos de câncer.
O desenvolvimento da doença ocorre quando há multiplicação descontrolada de células causadas por mutações no DNA das mesmas. Com danos acumulados, fica cada vez mais difícil que eles sejam reparados da melhor forma.
“O principal fator de risco para desenvolvimento de câncer é a idade, pois, com o envelhecimento, a nossa capacidade de reparar os danos causados pelas mutações é reduzida e, com isso, o câncer surge“, explica Oliveira.
A doença pode se apresentar como um tecido (ou massa) aumentado, quando ocorre em órgãos como mama, pulmão, intestino e estômago, por exemplo, ou em alterações no sangue, os cânceres hematológicos, como linfomas e leucemias.
Há formas de prevenir o câncer?
De acordo com o presidente da SBCO, cuidar da rotina é importante para prevenir a doença. De maneira prática, alguns tumores malignos têm relação estreita com a exposição aos fatores de risco.
O câncer de colo do útero, por exemplo, tem como única causa conhecida a infecção pelo vírus HPV (Vírus do Papiloma Humano) — que também pode contribuir para a formação dos cânceres de reto, pênis, ânus e orofaringe. Nesses casos, a prevenção pode ser realizada com a vacina contra o HPV, disponível pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
“Outro fator de risco importante é o tabagismo, causa de oito entre dez tumores malignos do pulmão e que também está associado com outros tipos de câncer. Para evitar esses e outros fatores, a recomendação é não fumar, não beber em excesso, praticar atividade física e ter uma alimentação equilibrada“, afirma Oliveira.
O cirurgião oncológico lembra que evitar alimentos ultraprocessados, como refrigerantes e biscoitos recheados, pode mitigar riscos do desenvolvimento do câncer colorretal (intestino grosso e reto).
Além disso, quem tem casos na família pode buscar por profissionais de oncogenética, que investigam eventuais predisposições para a doença. Outro passo é incluir exames à rotina, conforme necessidade e indicação médica. “Os principais exames para rastreamento de câncer são a mamografia, indicada para todas as mulheres a partir dos 40 anos e com repetição anual, colonoscopia, toque retal, PSA [Antígeno Prostático Específico] e papanicolau“, observa Alexandre Ferreira Oliveira.
É importante ainda ter atenção a eventuais sintomas da doença, que podem variar dependendo dos órgãos afetados e da gravidade do quadro. Não hesite em procurar ajuda profissional ao notar alterações de qualquer nível, sobretudo emagrecimento repentino sem explicação, sangramentos por causas inexplicáveis (não associados à menstruação, por exemplo) e aparecimento de caroços. Os sintomas podem ser decorrentes de um tumor, como também outras doenças que precisam de tratamento adequado.
Como são o diagnóstico e o tratamento do câncer?
O diagnóstico do câncer pode variar dependendo do tipo da doença. Normalmente, a comprovação acontece por exames de imagem, como mamografia, ressonância, ultrassom e tomografia, por marcadores sanguíneos ou moleculares.
“Uma amostra do paciente é retirada em biópsia e o médico patologista avalia as características, em busca de alterações malignas ou benignas. Posteriormente, define a extensão da doença, potencial de agressividade e outras características biológicas, que serão fundamentais para fechar o diagnóstico e direcionar o melhor tratamento para cada caso“, explica o presidente da SBCO.
Quando o assunto é o tratamento do câncer, as abordagens também são variadas. No entanto, os pilares, segundo Oliveira, são: cirurgia (podem ser abertas ou por técnicas menos invasivas), quimioterapia antes e/ou depois da cirurgia, radioterapia, terapias-alvo (via oral ou intravenosa), hormonioterapia e imunoterapia.