Autismo. Provavelmente você já deve ter visto em noticiários algo sobre o tema, ou então, tem algum conhecido com filhos que possuem o espectro.
O que pouco se sabe é o que causa, se tem como prevenir e como cuidar de uma criança ou adulto autista. Isso porque, foi apenas em 1993 que a síndrome entrou para a Classificação Internacional de Doenças da ONU (Organização das Nações Unidas).
Agora, vindo para o Brasil, quantos autistas existem por aqui? Segundo dados do CDC (Center of Diseases Control and Prevention) órgão americano, existe 1 caso de autismo a cada 110 pessoas. Sendo assim, temos a marca de, mais ou menos, 2,5 milhões de autistas. Apenas em São Paulo, são 300 mil casos.
Como é feito o diagnóstico do Autismo?
O diagnóstico do TEA – Transtorno do Espectro Autista, é incerto. Nenhum exame genético é capaz de detectar com precisão sua existência. Portanto, médicos o constatam por meio de observação do paciente. Normalmente, os sintomas são
- Dificuldade de comunicação
- Comportamento repetitivo
- Bloqueios para expressar ideias e sentimentos
- Agitação
Tipos de autismo
Com estudos realizados em torno do TEA, foi possível constatar que existem alguns níveis:
Síndrome de Asperger – Forma leve do autismo. Mais comum em meninos do que em meninas. Uma característica é a inteligência superior. É comum que a pessoa, com a síndrome, se interesse por um único assunto e passe horas falando sobre ele.
Transtorno invasivo do desenvolvimento – Neste caso, os sintomas são bem variados. Contudo, o paciente irá apresentar, comumente, os seguintes comportamentos:
- Quantidade menor de comportamentos repetitivos;
- Dificuldades com a interação social;
- Competência linguística inferior a Síndrome de Asperger
Transtorno Autista – Aqui, os sintomas aparecem mais graves e as capacidades são afetadas de maneira mais intensa. Esse é o tipo mais clássico do transtorno e costuma ser diagnosticado bem cedo, na infância. Os principais sintomas são:
- Falta de contato com os olhos;
- Comportamentos repetitivos como balançar as mãos;
- Dificuldade de pedir, usando a linguagem;
- Desenvolvimento tardio da fala
Transtorno desintegrativo da infância – Esse é o modelo mais grave. Normalmente, a criança apresenta desenvolvimento normal dos 2 aos 4 anos de idade. Depois, vai perdendo as habilidades intelectuais, linguísticas e sociais, sem conseguir recuperar.
Existe cura para o autismo?
Não. Mas, existe tratamento. Com ele, a qualidade de vida do paciente e também da família são melhoradas, consideravelmente.
Normalmente, não é apenas um médico que cuida de um autista. Uma equipe multidisciplinar é indicada e age nas principais dificuldades da criança, adolescente ou adulto.
- Fonoaudiólogo
- Ludoterapia
- Análise aplicada de comportamento
- Grupos de habilidades sociais
- Medicamentos (embora não específicos, ajudam com possíveis questões emocionais como ansiedade, hiperatividade, ataques de raiva, impulsividade, agressividade e alterações de humor)
Preconceito, um dos maiores problemas para enfrentar
É um processo de conhecimento bem lento. Mas, além de todos os problemas que um familiar enfrenta com uma criança ou adolescente com autismo, o preconceito parece ser um dos maiores.
A Seguros Unimed conversou com a Verônica, do Faxina Boa. Verônica era diarista em São Paulo. Se tornou influencer e hoje é uma importante palestrante para diversos temas.
Além de tudo, quem a segue, conhece as peripécias do Panda, seu filho autista de 12 anos. O que mais chama atenção é como ela trata de maneira normal todas as questões que envolvem o filho.
Recentemente, fez um desabafo nas redes sociais que comoveu muita gente no Brasil. Ela tentou matriculá-lo em uma escola que recusou a admissão do garoto afirmando que as vagas estavam encerradas.
Contudo, antes de descobrirem que ele era autista, informaram que havia a possibilidade de sua matrícula.
O desabafo ganhou as redes sociais e parou no Luciano Huck, que a convidou para um bate papo, onde ela pode expor toda a sua indignação.
Em conversa com nossa equipe de comunicação, Verônica pontuou suas esperanças e principais dores.
“É muito difícil dizer a um filho que ele vai enfrentar preconceitos e dificuldades apenas por ser quem ele é. Ele tem muita consciência de sua condição e acredita que justamente ao se impor ele pode também ajudar as pessoas a passar por essas ideias preconceituosas. É uma luta que infelizmente temos que lutar, e fico feliz por ele estar disposto!”
Para Verônica, “Em geral as pessoas classificam os autistas de duas formas: ou são gênios ou incapazes, uma forma terrível de estereotipá-los, já que entre nós, sabemos que não somos todos iguais e não haveria motivos para que os autistas sejam ou ajam todos da mesma forma.”
Também é preciso desmistificar o autismo. Grande parte do preconceito vem, justamente, da falta de conhecimento.
“É preciso dar a chance de podermos conviver com a diversidade, dessa forma nem mesmo haveria essa “curiosidade” sobre quem é diferente, e nem estou falando apenas do autismo, em geral não temos essa convivência ao longo da vida com pessoas diferentes de nós, o que gera tantas situações desagradáveis.”
Tratamento normal e igualitário
Tratar com respeito indivíduos com autismo é um caminho que precisa ser trilhado. Pra verônica, esse é o segredo. ” Eu costumo dizer a ele que o autismo é uma das características dele, mas com certeza não é o que o define.
Ele por exemplo está com 12 anos de idade, é um menino enorme (quase 1,70m!) e ainda não consegue amarrar o cadarço do tênis sozinho, então compramos tênis sem cadarço, ele vai treinando aos poucos, mas nunca digo “é porque você é autista”.
Ou deixar que ele se sinta inferior por questões desse tipo, sempre friso as características positivas dele e aviso que podemos contornar e melhorar as que não são positivas.”
No fim, ela falou sobre o menino maravilhoso que é o Panda e ainda deixou uma dica: “Panda tem uma forma simples e direta de ver o mundo, de se comunicar e o quão ele é verdadeiro em suas atitudes. Ele é um menino incrível!”
“É importante a gente sonhar, mas é mais importante ainda se planejar e se movimentar para fazer que esses sonhos se transformem em realidade! Não desistir e claro, manter um sorriso no rosto!”
Fonte para produção do artigo: espaço Aberto – USP
Carolina Peres