Ficar doente, sofrer um acidente e precisar parar de trabalhar pode ser uma situação angustiante para os trabalhadores autônomos, especialmente para aqueles que não contam com uma reserva de emergência para sustentar o dia a dia e pagar as despesas médicas durante o período de tratamento e recuperação sem receber dinheiro.
Vivian Rodrigues, planejadora financeira e fundadora do Papo de Valor, lembra que o objetivo da reserva de emergência é suprir as necessidades de um momento imprevisto. “Muitas vezes as pessoas acabam confundindo e acham que trocar o pneu do carro é emergência, mas não é. Trata-se de um gasto previsto que precisamos planejar, porque eventualmente vai acontecer”, afirma.
Como montar a reserva de emergência?
Normalmente, recomenda-se ter uma reserva de emergência com pelos menos seis meses do seu custo de vida. Contudo, para os profissionais autônomos que possuem oscilação na renda, o ideal é elevar o período para 12 meses, de acordo com os especialistas.
Considerando que em alguns meses o faturamento pode ser maior, em outros menor ou zero dependendo das circunstâncias, o primeiro passo para construir a reserva de emergência é montar um orçamento com todas as receitas e despesas para conhecer a média do seu ganho mensal.
Para calcular a renda imagine que, em um mês, você recebeu R$ 1.200, no outro R$ 1.420 e depois R$ 1.650. Agora, você vai somar esses três valores e dividir por três: R$ 4.270 dividido por 3, que vai totalizar R$ 1.423,33.
Assim, é possível identificar seu custo de vida, multiplicar pelo período que você considera conveniente para a sua reserva de emergência e definir quanto poupar por mês, de acordo com o seu perfil profissional. “É importante fazer esse planejamento para que a pessoa coloque a meta de investimento como uma conta a pagar dentro do orçamento. Se você gasta tudo que ganha, não consegue evoluir para construir a reserva”, diz Fernanda Prazo, planejadora financeira.
Quanto poupar por mês?
Segundo Victor Barboza, especialista em finanças pessoais, estabelecer uma quantia fixa a ser guardada mensalmente pode não ser o melhor caminho em razão da variação da renda. “Você pode definir um percentual do valor recebido, que pode ser guardado a partir da soma do faturamento total do mês ou em função de cada entrada de dinheiro. Desta forma, você não corre o risco de gastar o que deveria ser separado”, recomenda.
Barboza destaca ainda que o valor da reserva de emergência deve ficar em aplicações com baixo risco e alta liquidez – facilidade e agilidade para vender um ativo e receber o dinheiro. “Investimentos de renda fixa acabam se enquadrando bem neste perfil, como o Tesouro Selic, CDBs ou Fundos de Investimentos”, diz.
Evite o hábito de “se sobrar eu guardo”
É muito comum receber dinheiro, gastar com as despesas essenciais, supérfluas e poupar apenas se sobrar dinheiro no final do mês. Para os profissionais autônomos, no entanto, é uma tendência perigosa, afinal existem inúmeras variáveis que podem influenciar seu faturamento e, em caso de emergência, te deixar em uma saia justa se você estiver com a conta zerada.
Portanto, a dica é sempre partir do pressuposto que você nunca terá valores sobrando, segundo Rodrigues. “É necessário saber o valor específico para as despesas fixas, variáveis, atividade do autônomo em si, reserva e qualquer projeto que a pessoa tenha. O dinheiro não tem que sobrar para ser poupado, ele precisa ser direcionado a partir do momento que entra, conforme a prioridade de cada uma das despesas e objetivos”, explica.
Já Prado destaca que o costume de juntar dinheiro independe do tamanho da renda, e está relacionado ao comportamento e a educação financeira que a pessoa tem. “O hábito de poupar surge a partir da prática recorrente de ter um orçamento, fazer o acompanhamento, ter meta de gastos, investimentos e guardar dinheiro mensalmente”, finaliza.