A COVID-19 faz relembrar o protagonismo das vacinas ao longo da história. Desta vez, o desenvolvimento, a produção e os programas de vacinação em massa levaram tempo recorde. Dez meses depois da Organização Mundial de Saúde (OMS) declarar a pandemia do coronavírus, o Reino Unido já aprovou a vacina da Pfizer/BioNTech para uso generalizado na população.
Para chegarmos ao aprimoramento científico e tecnológico dos processos atuais, foram necessários, pelo menos, três séculos. Aliás, o prazo pode ser muito maior do que esse. Estudos apontam que os primórdios de uma vacina teriam surgido no século 10, na China. A técnica era rudimentar, claro, mas faz sentido até hoje: os chineses trituravam cascas de ferida provocadas pela varíola e sopravam o pó, com o vírus morto, sobre o rosto das pessoas. Ou seja, isso já significava uma inoculação de uma versão enfraquecida (ou “atenuada”, no jargão técnico) do vírus no organismo. Até hoje, é uma das maneiras usadas (com as devidas sofisticações dos métodos) para estimular a produção de anticorpos pela vacina.
Apenas em 1798 surgiu o termo “vacina”, graças a um estudo do britânico Edward Jenner (1749 – 1823). O médico observou que trabalhadores rurais que tiveram infecção leve de varíola bovina ficavam protegidos da varíola, que era da mesma família do vírus do boi. Por isso o nome “vacina” deriva do latim “vacca”, ponto inicial das pesquisas. Estima-se que a varíola tenha matado mais de 300 milhões de pessoas ao longo de 80 anos. A doença foi erradicada apenas em 1980, depois que pelo menos meio bilhão de doses chegaram à população.
A segunda geração de imunizantes surgiu do empenho do francês Louis Pasteur. Em 1885, ele aplicou a vacina contra raiva pela primeira vez em um ser humano.
A partir disso, os programas de imunização foram se popularizando, paulatinamente. Na atual pandemia do novo coronavírus, a OMS e a Unicef fazem um alerta para que as pessoas continuem a se proteger das outras muitas doenças para as quais as vacinas já estão disponíveis. “As imunizações de rotina devem ser uma prioridade”, afirmou Afshan Khan, diretora regional da Unicef na Europa e Ásia Central.