Tombos na terceira idade podem ter implicações graves. É uma fase em que as pessoas estão mais suscetíveis a fraturas e, sobretudo, a complicações decorrentes dos traumas. A recuperação lenta pode levar a um longo período de imobilização que ameaça a qualidade e a expectativa de vida do paciente.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, de 28% a 35% das pessoas com mais de 65 anos de idade sofrem algum episódio de queda a cada ano, e essa proporção se eleva para valores que oscilam de 32% a 42% para os idosos com mais de 70 anos.
“Existem quatro locais mais atingidos pelas fraturas por fragilidade: fêmur (osso da coxa), vértebra (coluna), úmero (braço) e rádio (punho)”, diz Maurício de Miranda Ventura, presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, seção São Paulo.
Fraturas por fragilidade, como são chamadas pelos médicos, ocorrem a partir de impactos relativamente leves. “Referem-se a incidentes que normalmente não causariam problema em pessoas jovens, mas que no paciente idoso têm as consequências agravadas”, esclarece Ventura.
Uma pesquisa realizada pelo ortopedista Jurandir Antunes Filho, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), apontou que cerca de 30% dos idosos com fratura morrem até o primeiro ano, não da fratura, mas de complicações que surgem a partir dela, como embolia e pneumonia.
“Idosos não caem à toa; quedas estão relacionadas a problemas de saúde”, afirma o presidente da associação de Geriatria e Gerontologia. O médico explica que pessoas com algum déficit cognitivo (decorrente de doenças neurológicas, entre outras) estão mais sujeitas a cair. Ficam mais vulneráveis pacientes com sequelas de acidente vascular encefálico e quem tem problemas cardíacos, deficiência visual, mobilidade reduzida por perda de massa muscular ou pelo uso de psicotrópicos.
Prevenção na quarentena
Em tempos de quarentena, recomenda-se manter o alerta em relação a escorregões de idosos. A pandemia da covid-19 reduz a possibilidade de sair de casa para realizar atividades físicas e fortalecer a musculatura.
Há também casos de idosos que mudaram de domicílio nesse período, o que compromete a sua familiaridade com os espaços. Portanto, é uma fase que até pode aumentar o risco de quedas.
Elencamos algumas dicas de especialistas para evitar escorregões em casa:
- opte por sapatos com solado antiderrapante e modelos fechados na parte de trás do pé;
- retire tapetes, mas cuide para que o piso não fique liso (sem cera, água etc.);
- deixe a circulação livre retirando móveis baixos do caminho, assim como brinquedos de crianças ou outros objetos pequenos que representem obstáculos;
- instale barras laterais em banheiros e em demais locais estratégicos, como escadas;
- mantenha os ambientes bem iluminados;
- informe-se com o médico sobre eventuais efeitos colaterais de medicamentos que o paciente esteja tomando, como tontura, sonolência e confusão mental.
Risco de quedas e sua relação com medicamentos
Existem alguns medicamentos que podem aumentar o risco de queda em virtude de efeitos colaterais e interações medicamentosas. Alguns exemplos são os relaxantes musculares, medicamentos para insônia, antidepressivos, anti-hipertensivos, insulinas e antialérgicos.
Esses remédios podem provocar algumas reações adversas, entre elas:
- hipotensão;
- hipoglicemia;
- disfunção cognitiva;
- tontura;
- sonolência;
- sedação;
- visão turva.
Na Maioria das vezes, eles são utilizados sob recomendação e orientação médica e fazem parte da rotina de milhares de pessoas.
Existem algumas formas de minimizar o risco de quedas com algumas ações, como:
- ao comprar um medicamento, sempre solicitar ao farmacêutico informações sobre os efeitos colaterais e se podem aumentar o risco de queda;
- levantar-se devagar da cama e permanecer sentado alguns minutos, evitando tonturas;
- rotular todos os medicamentos e tomar nos horários corretos.
Em caso de dúvidas, procure sempre a orientação de seu médico ou de um farmacêutico pelo Núcleo de Assistência Farmacêutica: atencaofarmaceutica@integraunimed.com.br