Olá, pessoal. Tudo bem?
O mês de novembro foi marcado pelas eleições nos EUA. Após uma campanha tumultuada, ameaças de judicialização, Trump dizendo que não sairia da Casa Branca e risco de uma transição complicada, o que se viu foi um cenário de acomodação, governo de transição funcionando e melhora significativa nas perspectivas, o que animou os investidores ao redor do mundo.
A vitória de Joe Biden não é uma unanimidade dentro dos EUA. Longe disso. No entanto, seu discurso mais conciliador, agregador e a fama de hábil negociador fazem supor que a condução da agenda política dentro e fora dos EUA seja menos polarizada e mais harmônica. O Governo da China reconheceu a vitória de Joe Biden e disse que está muito animado para trabalhar com o novo presidente. Além da China, praticamente todas as maiores economias do mundo seguem o mesmo discurso. É essa perspectiva, na construção de uma relação mais harmoniosa, que animou os mercados. Aumentaram, também, as perspectivas de um novo pacote fiscal, com lideranças Democratas e Republicanas no Congresso afirmando que devem retomar as negociações. Já falam num pacote de USD 908 bilhões.
Outro ponto de destaque foi a nomeação da Janet Yellen. Será a primeira pessoa a assumir as três posições de comando da política econômica, nos Estados Unidos. Foi presidente do Conselho de Assessores Econômicos, do Federal Reserve (FED, banco central americano) e agora Secretária do Tesouro. A nomeação diz muito sobre como será a “cara” da gestão da política monetária do Governo Biden. Janet Yellen participou ativamente da crise de 2008 e defendeu o uso de políticas fiscal e monetária para o combate da recessão e para reduzir o impacto negativo sobre as pessoas e a economia. Assim, a perspectiva de um governo mais conciliador, e com políticas fiscais e monetárias mais favoráveis à ampliação de gastos, trouxe otimismo para os mercados em novembro.
Sob a perspectiva brasileira, a vitória de Biden, ainda que possa ser positiva para o crescimento global, tende a ser uma relação mais complicada do que para os demais emergentes dado o foco que a política americana dará às questões ambientais. Portanto, devem aumentar as pressões sobre o Brasil, o que, eventualmente, pode afastar os investidores. Até aqui, no entanto, os investidores estrangeiros voltaram com apetite para o mercado brasileiro, especialmente, na Bolsa de Valores. A entrada de recursos foi da ordem de R$ 30 bilhões em novembro.
As preocupações com a Covid-19 continuaram no radar
Especialmente depois do aumento significativo de casos nos EUA e na Europa. Ambas as regiões vêm batendo recordes de novos casos e de vítimas fatais numa evidente segunda onda da pandemia. Tanto EUA quanto países da Europa já anunciaram medidas de restrições. No Brasil, os números começam a mostrar um aumento das médias móveis de contaminação e internação. Esse aumento, por exemplo, fez o Estado de São Paulo decretar o retorno à fase amarela do Plano SP.
Embora tenham aumentado as preocupações com a pandemia e seus impactos sobre a economia global, notícias positivas sobre vacinas seguem na direção de indicar que o pior pode mesmo ter ficado para trás. O diretor do Instituto de Alergias e Doenças Infecciosas dos EUA, Anthony Fauci, se mostrou otimista sobre a possibilidade da vacina da Pfizer estar disponível em dezembro no país. O Reino Unido já anunciou que iniciará a vacinação no dia 7 de dezembro. Será o primeiro país do Ocidente a iniciar a imunização da população. O Ministério da Saúde do Brasil anunciou o primeiro esboço do plano de vacinação com expectativa para começar a imunização a partir de março de 2021. Várias vacinas seguem os estudos com indicações muito positivas da alta eficiência de imunização e baixíssimos efeitos colaterais. São elas: Pfizer/Biontech, Moderna, Novavax, AstraZeneca/Oxford, Coronavac/Sinovac e Sputinik V/Rússia. Pela frente, o mundo terá o enorme desafio de viabilizar um processo logístico para imunização em massa.
Eleições no Brasil
Pelo Brasil, as preocupações com o fiscal e com o ambiente político aumentaram. O resultado das eleições municipais mostra um declínio do Bolsonarismo e uma guinada dos eleitores para partidos e candidatos de centro. O grande vitorioso das eleições municipais foram os partidos do chamado ‘centrão’, o que faz supor um ambiente mais desafiador para um governo que não é muito afeito à negociação política. Outro foco de preocupação é a eleição para as presidências da Câmara e do Senado, em fevereiro de 2021. Rodrigo Maia, presidente da Câmara, e Davi Alcolumbre, presidente do Senado, trabalham nos bastidores para concorrer à reeleição e podem atrapalhar o andamento dos projetos e das votações de interesse do Governo.
A agenda de reformas para impulsionar o ajuste fiscal parece ter emperrado de vez, mesmo com as promessas do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, de que as discussões seriam retomadas após o segundo turno. O próprio Maia jogou um balde de água fria ao afirmar, dias depois, que a votação dos projetos relacionados ao ajuste fiscal ficará para 2021. Além disso, paira no ar o receio de que o presidente Bolsonaro pode estender o auxílio emergencial em 2021. Questionado sobre a pandemia, ele afirmou: “se acaba o auxílio, como ficam os quase 40 milhões de invisíveis que perderam tudo?”. Uma fala que contraria a equipe econômica, que diz que tudo deve ser feito para o cumprimento do teto dos gastos. É evidente que todos concordam com o auxílio emergencial. O problema é viabilizar a extensão do programa sem uma fonte de receita que não comprometa ainda mais o orçamento do Governo Federal.
Economia
Sobre a equipe econômica, o ministro Paulo Guedes parece a cada dia cair em descrédito na avaliação dos investidores. Um dia diz que o compromisso do governo é com o teto dos gastos, no outro dia diz que o auxílio emergencial será com “certeza” estendido se vier uma segunda onda da Covid-19. Diz que novas medidas serão anunciadas para promover o ajuste fiscal e para dar andamento às reformas, mas nada de concreto é anunciado. A imagem do ministro da Economia é aquela de quem diz muita coisa, mas entrega muito pouco.
A inflação vem chamando a atenção com altas acima das expectativas. O IGPM de novembro foi de 3,28% e acumula no ano uma variação de 21,97%. Embora seja um índice mais próximo da realidade do atacado, algum grau de “contaminação” nos índices de varejo pode ocorrer. O IPCA15 de novembro (uma espécie de prévia do IPCA) foi de 0,81% e, nos últimos 12 meses, ficou em 4,22%, um pouco acima da meta de 4%. O Banco Central e a maioria dos analistas avaliam que o movimento é cíclico e que, por ora, não implica em mudanças na condução da política monetária. As projeções para inflação no relatório Focus do Banco Central indicam o IPCA abaixo do centro da meta em 2020 e 2021. Mas o movimento recente da inflação não passou despercebido pelo mercado, trazendo alguma pressão para as taxas de juros.
Esse ambiente político mais instável e a inflação andando um pouco acima das estimativas fez com que as taxas de juros, mesmo apresentando queda, se mantivessem em patamares ainda altos, principalmente nos prazos mais longos. Como resultado, o Tesouro Nacional se viu obrigado a renovar os vencimentos de títulos públicos em prazos cada vez mais curtos, colocando mais pressão na rolagem de dívida pública no médio prazo. O mesmo acontece com o dólar. Ainda que tenhamos visto uma valorização do Real, foi menor do que outras moedas de países emergentes.
Apesar do ambiente interno do Brasil inspirar cuidado, o principal gatilho para o bom mês de novembro foi o desfecho das eleições americanas. A bolsa brasileira apresentou uma variação de 15,90%, melhor novembro desde 1999, e o dólar com desvalorização de 7,63% no mês. As taxas de juros apresentaram redução, beneficiando as posições pré-fixadas na renda fixa.
O que esperar de dezembro, o último mês de um ano cheio de desafios?
Diria que devemos ter um otimismo cauteloso. Como já dissemos, o gatilho para o bom mês de novembro foi o desfecho das eleições americanas, que “destravou” o fluxo de recursos para investimentos nos mercados emergentes.
Passada a euforia com as eleições americanas, voltaremos nossos olhos para as vacinas da Covid-19 e o avanço da segunda onda. Até aqui, por todos os desafios impostos pela pandemia, o mundo se saiu e está se saindo muito melhor do que muitos imaginavam. Mas é preciso liberar de vez as amarras das restrições (e o lockdown), que impedem um crescimento global mais vigoroso.
Por aqui, no pós-eleições municipais, será importante a retomada das discussões das medidas fiscais. Mais do que discussões, a adoção de medidas e ações do governo na direção do controle de gastos. As palavras que irão movimentar o Brasil em dezembro são: fiscal, juros e inflação.
Ao longo de novembro observamos, no Brasil, a entrada de investimentos estrangeiros em praticamente todos os ativos. Veio dinheiro para a Bolsa e veio dinheiro para os títulos públicos (movimento que não se via há algum tempo). Tudo indica que os fluxos de capitais para os emergentes ainda têm fôlego para continuar em dezembro.
Os fundos de Previdência foram muito beneficiados por esse movimento dos mercados, em novembro. No quadro abaixo está um resumo com as rentabilidades dos fundos Unimed RF100C e do Unimed RV15:
Ambos os fundos estão deixando para trás o difícil mês de março de 2020, que ficará na memória como mais uma prova da capacidade de gestão do BNP Paribas, gestor do RF100C, e da Claritas, gestora do RV15. Nas janelas acima de 12 meses, ambos os fundos estão entregando retornos consistentemente acima do CDI. Essa consistência vem aliada com uma ótima relação risco x retorno. O Unimed Multiestratégia também fechou com ótima rentabilidade em novembro. Foi de 1,27%, equivalente a 847% do CDI.
As perspectivas à frente indicam que os fundos devem prosseguir em suas rotas de recuperação. Ano de 2020 entrará para a história como um dos mais desafiadores para a humanidade e será, também, aquele em que os gestores parceiros da Seguros Unimed comprovaram, mais uma vez, sua capacidade de reação em momentos de grande adversidade.
Um abraço e até a próxima.
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Luiz Sacchetto é administrador de empresas com mais de 30 anos de experiência em finanças. Já atuou em bancos e em empresas dos setores agrícola, farmacêutico, químico e de seguros. Atualmente é Gerente Nacional de Vendas do ramo Previdência na Seguros Unimed.
Excelente, Sacchetto! Parabéns