A prevenção do câncer bucal pode ser feita com ações simples e acessíveis, que reduzem os componentes de risco e identificam a doença em suas fases iniciais, aumentando as chances de um tratamento bem-sucedido.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), aproximadamente 15,1 mil novos casos foram estimados apenas em 2023, o que faz deste um dos tumores mais frequentes no Brasil.
Embora sua alta incidência seja preocupante, o maior desafio está na elevada mortalidade, especialmente, quando não é diagnosticado e tratado precocemente. Por outro lado, essa realidade pode ser transformada com a adoção de medidas preventivas e de um diagnóstico precoce.
Neste artigo, você entenderá o que é a condição, seus principais sintomas, fatores de risco e, sobretudo, como a prevenção e o diagnóstico precoce fazem a diferença na luta contra a doença.
O que é o câncer de boca?
O câncer bucal é uma doença maligna que pode acometer diversas partes da cavidade oral, como lábios, língua, gengivas, bochechas, palato duro e assoalho da boca. A incidência e a gravidade dos tumores variam, conforme a região afetada, mas algumas áreas apresentam maior mortalidade.
Segundo a Revista Brasileira de Cancerologia, tumores malignos nos lábios, língua, gengivas e orofaringe estão entre as principais causas de morte por neoplasias no país. Além disso, a doença é prevalente em homens com mais de 50 anos (70% dos diagnósticos) que negligenciam os cuidados com a saúde.
Um dos principais fatores associados à alta mortalidade do tumor bucal é o diagnóstico tardio. Isso, porque mais da metade dos casos só é identificada em estágios avançados, quando as chances de sucesso no tratamento são menores.
Quais os principais fatores de risco que podem levar uma pessoa a ter câncer de boca?
Algumas pessoas têm mais chance de desenvolver essa enfermidade, porque apresentam componentes de risco, referentes a condições que favorecem o aparecimento da doença. No caso do tumor das vias orais, o risco está ligado principalmente às questões comportamentais.
Confira quais são essas condições a seguir, e entenda por que eles favorecem o surgimento da enfermidade:
- Consumo excessivo de cigarro e álcool: o tabaco e o álcool causam irritação crônica e danos celulares, favorecendo mutações que levam ao desenvolvimento do carcinoma. A OMS destaca essa associação como um dos principais fatores para o desenvolvimento dessa neoplasia;
- Exposição à radiação solar: a exposição sem proteção pode causar câncer nos lábios, devido aos danos causados pelos raios UV, que promovem mutações no DNA das células;
- Má higiene: escovar os dentes da forma errada ou deixar de passar o fio dental deixa a boca propensa a doenças inflamatórias crônicas, infecções e lesões na mucosa, criando um ambiente propício para mutações celulares que aumentam o risco de tumor.
Outras condições importantes
Além das razões anteriores, existem outras condições ligadas ao desenvolvimento do distúrbio oral, como a exposição a certos agentes biológicos:
- Papiloma vírus humano (HPV);
- Histórico de tumor do trato aerodigestivo;
- Exposição constante a agentes químicos e físicos específicos, como amianto, formaldeído, sílica, defensivos agrícolas e fuligem de carvão;
- Deficiência imunológica adquirida ou congênita.
Quais são os principais sinais e sintomas do câncer bucal?
O primeiro sinal de tumor é o surgimento de feridas ou lesões bucais persistentes que não cicatrizam em um período de 2 a 3 semanas. Essas lesões podem ser acompanhadas de manchas brancas ou vermelhas na mucosa (leucoplasia ou eritroplasia), feridas ou úlceras indolores, que não desaparecem.
Confira abaixo quais são os principais sintomas dessa doença:
- Feridas nos lábios e na boca que não cicatrizam;
- Úlceras indolores com menos de 2 cm de diâmetro que podem sangrar ou não;
- Manchas brancas ou placas avermelhadas nas gengivas, língua ou mucosa oral;
- Desconforto ou dor ao mastigar e engolir alimentos;
- Dificuldade para falar ou movimentar a língua;
- Rouquidão persistente;
- Nódulos (caroços) no pescoço;
- Sensação de que há algo preso na garganta;
- Emagrecimento acentuado.
Quais são os principais tipos?
Com diferentes margens de tratamento e progressão, existem 4 diferentes tipos de carcinoma que podem acometer a região oral, sendo eles:
1. Carcinoma adenoide cístico
Surge principalmente em glândulas salivares menores, mas também pode ocorrer em glândulas salivares maiores. Ele tem um crescimento lento, porém, com comportamento agressivo, pois tende a invadir nervos e pode se espalhar para outros órgãos (metástase à distância).
Causa dor facial persistente, dormência ou paralisia local, além de inchaços ou massas firmes na região afetada. Apesar do crescimento lento, é difícil de tratar devido à sua alta taxa de recorrência.
2. Carcinoma verrucoso
Um tipo raro de tumor de células escamosas altamente diferenciado, o carcinoma verrucoso é de crescimento lento e apresenta uma aparência parecida com uma verruga.
Tem tendência a invadir tecidos locais, mas raramente metastatiza, e está associado ao uso de tabaco, especialmente em formas como mascar ou mastigar. Seus principais sintomas são lesões espessas e brancas, geralmente indolores, que podem aumentar de tamanho ao longo do tempo.
3. Carcinoma de células escamosas
É o tipo mais comum, representando cerca de 90% dos casos. Surge nas células escamosas que revestem a mucosa Tem como aspectos de risco o consumo de álcool e tabaco (fumo ou mastigado), além da exposição prolongada ao sol e a infecção pelo HPV.
Apresenta feridas ou úlceras que não cicatrizam, manchas brancas ou vermelhas, dor ao mastigar, falar ou engolir, além de sangramento inexplicável.
4. Linfomas
Surgem no tecido linfático, que pode estar presente na região das tonsilas (amígdalas), língua ou em outras áreas da cavidade oral. Os linfomas podem ser do tipo Hodgkin ou não-Hodgkin, sendo os últimos mais comuns.
Seu crescimento é anormal, com massa indolor, e apresenta inflamação persistente das tonsilas, além de outros sintomas como febre, suores noturnos e perda de peso.
Como é o tratamento do câncer bucal?
Os procedimentos adotados para o tratamento do paciente variam conforme a localização do tumor, a complexidade do caso e outras causas relevantes. Normalmente, o tratamento recomendado para essa condição inclui cirurgias oncológicas e/ou radioterapia.
Antes de definir os cuidados necessários, é imprescindível a realização de exames específicos, além de uma avaliação médica detalhada.
É importante destacar que diversos profissionais de saúde desempenham papéis essenciais ao longo do processo, incluindo o estomatologista, cuja atuação é fundamental para prevenir complicações e minimizar possíveis sequelas.
Estratégias para prevenção do câncer bucal
As medidas de prevenção consistem na adoção de hábitos e práticas que diminuam a exposição às condições que favorecem o surgimento desse tipo de patologia.
Confira abaixo quais são essas práticas:
- Hábitos saudáveis: evitar o tabaco e o consumo excessivo de álcool reduz os fatores de risco, assim como manter uma dieta equilibrada, rica em frutas e vegetais, fortalece o sistema imunológico e protege a saúde bucal;
- Higiene adequada: escovar os dentes corretamente, usar fio dental e visitar regularmente o dentista ajudam a prevenir inflamações e lesões na boca, que podem evoluir para condições mais graves;
- Vacinação contra o HPV: o vírus está associado a alguns tipos de tumor. Dessa forma, a vacinação é uma medida eficaz para prevenir infecções e reduzir os riscos de desenvolvimento do tumor;
- Exames regulares: consultas periódicas com dentistas especializados permitem exames preventivos para a detecção precoce de alterações na cavidade oral, aumentando as chances de tratamento e cura;
- Educação continuada: a conscientização sobre os fatores de risco e sobre a importância da prevenção deve ser constante. Isso porque acessar as campanhas educativas incentiva a adoção de hábitos saudáveis, além de alertar para sinais preocupantes, como feridas que não cicatrizam.
Qual a importância da prevenção e detecção precoce do câncer bucal?
A prevenção e a detecção precoce do carcinoma bucal reduzem a mortalidade e melhoram a qualidade de vida dos pacientes. Apesar das chances de cura chegarem a 90% quando a doença é detectada precocemente, aproximadamente 65% dos casos no país ainda são diagnosticados em estágios avançados, reduzindo a chance de cura.
Além disso, a taxa de mortalidade é preocupante, com cerca de 40% dos pacientes não sobrevivendo por mais de cinco anos após o diagnóstico. Grande parte dos casos, cerca de 80%, está relacionada a fatores de risco evitáveis, como o consumo de tabaco, álcool e a exposição ao HPV, tornando a prevenção ainda mais relevante.
Qual é o exame que detecta câncer de boca? Onde pode ser realizado?
O exame utilizado para detectar essa condição é a biópsia. Ele é essencial para confirmar a presença de células cancerígenas em lesões suspeitas da cavidade oral.
O diagnóstico começa com um exame clínico detalhado realizado pelo dentista ou estomatologista, que verifica a presença de lesões, feridas ou alterações na mucosa.
Caso haja suspeita, o dentista pode encaminhar o paciente para realizar análises complementares, como exames de imagem, tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM).
A biópsia pode ser realizada em hospitais, clínicas especializadas em oncologia e centros de diagnóstico, e é feita por um médico patologista ou por um cirurgião especializado.
O câncer de boca tem cura?
O carcinoma oral pode ter cura, especialmente quando diagnosticado precocemente e tratado adequadamente. O sucesso do tratamento depende de vários fatores, incluindo o estágio, a localização do tumor, a saúde geral do paciente e a resposta aos cuidados. Nos estágios iniciais, as taxas de cura são mais altas.
Vimos até aqui, que a prevenção do câncer bucal é um passo fundamental para reduzir os riscos e melhorar as chances de tratamento bem-sucedido. Adotar hábitos saudáveis pode fazer toda a diferença, como parar de fumar, reduzir o consumo de álcool e manter uma boa higiene, além de utilizar protetor solar nos lábios e fazer consultas regulares ao dentista. A detecção precoce é crucial, pois aumenta significativamente as chances de cura. Esteja atento aos sinais e busque ajuda profissional sempre que necessário. Cuide de sua saúde, pois, ao prevenir, você está investindo na sua qualidade de vida e bem-estar.
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