Fazer uma aplicação financeira é um passo muito importante para realizar um sonho, ter tranquilidade na aposentadoria e segurança financeira em situações de emergências. Para iniciar essa jornada é fundamental conhecer o seu perfil de investidor, que vai apontar quais serão os investimentos adequados aos seus objetivos.
Como saber meu perfil do investidor?
O perfil do investidor é identificado por meio do teste suitability disponibilizado nas corretoras. Marcelo Cambria, especialista em investimentos e coordenador de pós-graduação da Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado), diz que a ferramenta é uma determinação da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
“Tornou-se exigência para evitar que os distribuidores vendessem investimentos que não são compatíveis com o perfil do investidor e a Anbima acabou conduzindo esse projeto representando a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Isso é muito importante para que os investidores não façam uma aplicação por impulso, ouvindo recomendação ou propaganda de pessoas próximas e adquirindo um produto que ele não vai se sentir confortável”, justifica.
O teste suitability é simples e avalia seus objetivos de curto, médio e longo prazo, idade, recursos financeiros, grau de tolerância ao risco, entre outros aspectos para classificá-lo em um dos três perfis: conservador, moderado ou arrojado. Dessa forma, os gerentes e agentes autônomos podem indicar investimentos condizentes com o perfil do investidor.
De acordo com a categorização, os investidores conservadores priorizam a segurança do dinheiro e, portanto, preferem aplicações de baixo risco. O perfil moderado tolera um pouco mais de exposição para obter retornos financeiros no médio e longo prazo. E por fim, o investidor arrojado aceita mais riscos e compreende que as variações em seus ativos trarão retornos vantajosos em um período maior.
Investimentos de curto prazo e vinculados a taxa DI – utilizada como referência para calcular os rendimentos de aplicações em renda fixa e muito próxima da taxa Selic, que atualmente está em 2% ao ano – são recomendados para investidores que priorizam o baixo risco, segundo Cambria.
“O investidor concorda em receber o percentual dessa taxa com base no que o emissor propõe em relação ao produto e a remuneração. Geralmente, esses investimentos se aplicam aos títulos de curto prazo, por isso eles não têm grande alteração futura de preço, que quando trazida a valor presente e comparada com as taxas de mercado atuais não geram grande flutuação no preço. Então, investidores de baixo risco normalmente estão atrelados a produtos de DI e renda fixa”, explica.
Por outro lado, o investidor moderado pode diversificar e incluir um pouco de renda variável na carteira de investimentos. “Temos os fundos multimercados e, eventualmente, aqueles investidores que aplicam em renda fixa e uma parte em ações. Já os investidores de alto risco possuem um grau de tolerância superior para renda variável, que pode configurar a maior parte dos ativos no portfólio”, diz Cambria.
Por que é importante respeitar o perfil do investidor?
Não é incomum ouvir histórias de pessoas que, em momentos de crise no mercado financeiro, ficaram ansiosas e tensas com o desempenho dos investimentos, tomaram decisões precipitadas e acabaram no prejuízo. Normalmente, isso acontece quando os investidores não fazem aplicações adequadas ao seu perfil, por exemplo, um investidor conservador comprar ações na Bolsa de Valores.
“Se ele não é tolerante a risco, pode ver que o valor investido está abaixo do aplicado e isso vai gerar um desconforto tão grande que o levará a sacar o investimento. Assim, ele não aproveitará todos os benefícios do produto que é de longo prazo e tem variabilidade. Se a empresa é boa, o investidor tende a ter uma performance melhor com o tempo”, destaca Cambria.
Lucas Oliveira, assessor de investimentos da Atrio Investimentos, diz que a partir do momento que a pessoa amplia seus conhecimentos e compreende a dinâmica do mercado financeiro, o perfil do investidor pode mudar. “Esse ganho de experiência e percepção acabam refletindo a mudança”, diz.
Oliveira ainda ressalta a importância de ponderar aspectos, como o horizonte de tempo e objetivos antes de fazer aplicações financeiras. “O investidor precisa avaliar se quer proteger o dinheiro, rentabilizar a carteira, se tem o suporte necessário de profissionais e conhecimento sobre os ativos nos quais pensa em investir”, alerta.
Carteira de investimentos: como diversificar?
Outra recomendação para quem deseja investir é diversificar a carteira de investimentos para ter um pouco mais segurança.
“Se o investidor possui uma única classe de ativos, todo o risco estará atrelado a essa categoria. Mas quando ele diversifica seja com renda fixa, ações ou fundos imobiliários – todos com dinâmicas diferentes –, tem a possibilidade de que em determinado momento um deles tenha queda enquanto o outro vai bem, mantendo a compensação da carteira e a tendência de valorização dos ativos no longo prazo”, explica Oliveira.
Cambria, no entanto, salienta que os investidores com perfil conservador não precisam tomar mais risco para diversificar. “É possível fazer investimentos diversificados com uma carteira de renda fixa para diferenciar o risco de crédito, de indexador, prazo, entre outros fatores importantes. Mas acredito que esses sejam os principais, alguns investimentos dessa classe oferecem garantia e isso também é um ponto relevante para ser considerado na diversificação”, orienta.
Para o especialista, diversificar o portfólio com ativos que não correspondem ao perfil do investidor não é uma prática recomendável e a exceção é válida apenas se a pessoa tiver renda, compreender a magnitude desse movimento e tiver ciência de que o investimento pode ficar negativo por um tempo.
“Por isso que é importante diversificar. Por exemplo, se ele compra dez empresas e uma ou duas quebram, ele ainda terá investimentos em outras oito ações distintas. O efeito da diversificação traz uma redução de risco importante para a carteira e cria esse efeito de compensação entre os investimentos”, afirma.
Os fundos multimercados são uma boa alternativa para diversificar a carteira de investimentos e com essa proposta, a Seguros Unimed lançou o Unimed Multiestratégia com classes de ativos nos mercados nacional e internacional.
Como lidar com a ansiedade entorno das aplicações financeiras?
Investir consciente de que vai colher os frutos no futuro traz uma sensação de satisfação. No entanto, o tempo de espera e a esperança de retornos no curto prazo podem gerar muita ansiedade e estresse. Portanto, é essencial que a jornada no mundo dos investimentos não atrapalhe a rotina do investidor.
“Se a preocupação com seu portfólio está afetando o seu dia a dia há algo errado. O portfólio adequado ao perfil e com o devido acompanhamento profissional não deve gerar estresse ao investidor. Por isso, é fundamental que o assessor consiga transmitir ao investidor as informações necessárias para que ele compreenda as oscilações e passe por elas de maneira tranquila. Se a carteira de investimentos está bem ajustada ao perfil de risco, ela não vai gerar agitação”, finaliza Oliveira.
Além de ter o suporte de um assessor de investimentos, é essencial acompanhar o noticiário econômico e estudar para conseguir lidar com as intempéries do mercado financeiro.