Segundo o Manual de Atendimento Odontológico do Ministério da Saúde uma boca é considerada saudável, quando as gengivas não sangram e os dentes estão limpos. Se algum desses sinais aparecerem, pode ser um indicativo de alguma comorbidade presente, dessa forma, o cuidado deve ser intensificado. Mas para que o atendimento ocorra de forma tranquila é necessário inicialmente estabilizar o quadro da saúde geral. A seguir algumas comorbidades mais comuns nos atendimentos odontológicos.
Paciente diabético
Conforme a Sociedade Brasileira de Diabetes, o Diabetes Mellitus é uma das doenças crônicas mais prevalentes na população, atinge cerca de 13 milhões de pessoas, sendo que 46% delas não sabem que possuem a doença. pois ela é silenciosa, ou seja, não há sintoma de dor ou qualquer outro desconforto que possa sinalizar algo atípico no organismo.
Devido à deficiência na absorção ou na produção de insulina, hormônio regulador da glicose no sangue, a taxa de glicemia pode ficar desequilibrada, e com isso, pode gerar complicações na boca como gengivite e periodontite, facilitando processos de perda óssea dentária. O processo de cicatrização e a resposta imune do paciente é lento e com retardo levando ao maior risco de infecção.
Paciente hipertenso e cardiopata
Outra comorbidade com incidência elevada na população é a hipertensão arterial sistêmica (HAS), doença crônica e degenerativa, caracterizada pelos níveis elevados da pressão sanguínea nas artérias. Conforme a Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP), cerca de 30% dos brasileiros possuem a doença, sendo que até metade dos hipertensos desconhecem o diagnóstico.
Além disso entre os que são diagnosticados com hipertensão, uma parte toma remédios de forma irregular ou não faz uso de medicação. Ainda segundo a entidade, apenas 20% têm a doença controlada, o que exige maior atenção por parte dos profissionais em saúde bucal no tratamento desses e de outros pacientes com problemas cardíacos.
O paciente cardiopata merece uma atenção criteriosa, pois em um atendimento inadequado pode levar ao desenvolvimento de uma endocardite infecciosa (infecção no revestimento interno do coração). É preciso estabilizar a doença para um atendimento.
Paciente hemofílico
Hemofilia é uma doença hereditária que causa uma desordem na coagulação do sangue. Um paciente hemofílico merece os mesmos cuidados que qualquer pessoa, com boa anamnese e o exame clínico. Ele pode realizar todo e qualquer tratamento odontológico, porém, deve-se ter um cuidado especial em tratamentos mais invasivas, como em cirurgia ou tratamento periodontal.
Pessoa hemofílica com problema periodontal, apresenta um sangramento gengival maior. E quando não tratada pode levar a um quadro de periodontite depois causar mobilidade dentária e necessidade de uma extração. Mas se a higiene bucal for eficiente pode prevenir danos aos tecidos periodontais.
A cirurgia em pacientes hemofílicos só deve ser realizada se for indispensável, pois os procedimentos cirúrgicos oferecem um grande risco de sangramento, sendo necessárias as precauções de segurança. Além disso, o médico deve ser consultado antes que qualquer tratamento seja executado.
Paciente com obesidade mórbida
Pessoa com obesidade é mais suscetível a problemas de saúde devido à baixa imunidade. Com a defesa do organismo reduzida, o paciente obeso tem mais propensão ao desequilíbrio do biofilme, levando a problemas periodontais e a cárie dentaria.
Outros efeitos causados pela obesidade são as disfunções mastigatórias e respiratórias. Pessoa acima do peso normalmente engolem os alimentos, sem triturá-los com os dentes. Isso produz uma mastigação inadequada que pode causar problemas na articulação da face.
Conclusão
Assim como as doenças crônicas podem afetar diretamente a boca, as patologias bucais também podem agravar o quadro de saúde do paciente. Nos casos de pacientes crônicos que desconhecem o diagnóstico, o dentista pode ajudar no diagnostico dessas doenças para que seja feito o tratamento adequado por um especialista.
É importante também que o paciente esteja atento aos sinais na cavidade bucal que podem ser causados não só pelas doenças crônicas que possui, mas também pelos efeitos colaterais causados pelo uso contínuo das medicações, como hipossalivação ou deficiência na composição da saliva. Ambas contribuem para o aparecimento de cárie, alterações na gengiva e outras doenças periodontais, além do ressecamento da boca. O atendimento especializado do profissional de Odontologia, nesses casos, é indispensável para um tratamento eficaz.
Muitas outras comorbidades, medicamentos ou alterações sistêmicas, também podem causar alterações em cavidade bucal. Dessa maneira é muito importante conhecer o paciente que está passando pelo tratamento. O exame clínico completo e a anamnese detalhada, são as melhores maneiras de evitar problemas e planejar o tratamento adequado. Uma ótima ferramenta para ajudar em todo esse processo, é o uso do Prontuário Eletrônico. Além de poder ser formatado e adequado para cada profissional, armazena as informações necessárias e o permite o acompanhamento adequado em cada consulta.