As consequências das mudanças climáticas sobre a saúde da população mundial vêm sendo ignoradas, mostra um estudo publicado recentemente pelo periódico científico “The Lancet”, uma das principais publicações do mundo nessa área.
Segundo os pesquisadores, as alterações no clima podem colocar em risco os avanços da medicina dos últimos 50 anos. Ao combatê-las, no entanto, será possível melhorar esse quadro, com efeitos diretos sobre a saúde, e também com efeitos indiretos, sobre o aumento da migração e da instabilidade social, por exemplo.
As mudanças climáticas aumentam as ondas de calor, as inundações e as secas, aumentando a incidência de tempestades intensas. A saúde humana também é afetada, de forma indireta, pelas mudanças na qualidade do ar e da água, pela propagação de vetores de doenças, como mosquitos transmissores da dengue ou da malária, pela subnutrição e até problemas de saúde mental, relacionados à sensação de insegurança.
Uma das maneiras de ajudar a reverter o quadro é a criação de uma economia de baixo carbono, com redução da poluição e, consequentemente, das doenças respiratórias. Estimular caminhadas e o uso da bicicleta, o chamado transporte ativo, são alguns exemplos de como isso pode acontecer. Apenas essas duas medidas já têm efeito sobre a poluição e ainda podem reduzir taxas de obesidade, diabetes, acidente vascular cerebral, entre outros problemas.
“A mudança climática é uma emergência médica”, afirmou ao “The Lancet” Hugh Montgomery, do Instituto de Saúde Global da UCL (University College London) e membro da equipe de pesquisadores. “Portanto, exige uma resposta emergencial, utilizando as tecnologias disponíveis no momento. Sob tais circunstâncias, nenhum médico iria considerar uma série anual de discussões de casos e metas adequadas, mas é exatamente assim que ocorre a resposta global à mudança climática.” Ou seja, é preciso correr.
Os cientistas sugerem também mais investimentos em pesquisas relacionadas à saúde pública nos próximos cinco anos, além da ampliação do financiamento aos países em desenvolvimento, transição para energias renováveis e incentivos para cidades que promovem estilos de vida saudáveis (como transporte ativo e criação de espaços verdes), entre outras medidas.
Desse modo, seria possível reduzir a pressão emergencial sobre os sistemas de saúde, permitindo mais investimentos no setor.
O desafio está lançado!
Fonte: Greenpeace