O ano de 2021 começou com grande expectativa em relação ao processo de vacinação, principal medida para controlar a pandemia da Covid-19 e reativar atividades econômicas. A projeção era de que o segundo semestre seria movimentado pela retomada. De fato, setores muito impactados pelas restrições demonstram essa reação, mas a travessia até a recuperação está longe de ser tranquila.
Há uma série de fatores que impactam o cenário econômico neste segundo semestre e que precisam ser considerados por empresários, investidores e consumidores na tomada de decisão. Por isso, é sempre importante rever as perspectivas traçadas por analistas de mercado e as questões que podem favorecer ou prejudicar o desempenho econômico até o fim deste ano.
Neste artigo, reunimos as projeções e análises mais recentes que podem impactar investimentos, o consumo e a atividade econômica.
Alta da inflação
O avanço da inflação é um dos indicadores econômicos que mais preocupam os brasileiros e é sentido, sobretudo, nos grupos mais básicos de produtos e serviços, como alimentos e bebidas, transportes e habitação. O principal instrumento para monitorar a variação de preços nesses e em outros itens essenciais é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para o mês de agosto de 2021, o IPCA registrou alta de 0,87%, a maior elevação observada para o mês desde 2000. De janeiro a agosto de 2021, o indicador acumula alta de 5,67%. Esse crescimento deve se manter consistente ao longo de todo o segundo semestre.
Semanalmente, os principais analistas do mercado financeiro reavaliam as projeções para a economia. Essas perspectivas são reunidas em um relatório elaborado pelo Banco Central, o Boletim Focus. A projeção para o IPCA tem sido elevada consecutivamente.
De acordo com o Boletim Focus publicado em 13 de setembro de 2021, a inflação deve chegar a 8% até o final do ano. Nesse cenário, é importante buscar aplicações com remunerações atreladas ao IPCA ou que ofereçam rendimento superior ao previsto para a inflação. Além do investimento, outras formas de proteção contra a alta dos preços são negociações, maior rigor com o controle do orçamento, substituição de produtos, pesquisa de preços, entre outras estratégias.
Aumento da taxa de juros
Nos últimos meses, o Comitê de Política Monetária (Copom), órgão que estabelece a taxa básica de juros a ser praticada no Brasil (a taxa Selic), tem aumentado os juros básicos da economia para tentar controlar o avanço da inflação. Quando os juros sobem, o custo do dinheiro aumenta, inibindo os gastos dos consumidores e das empresas, pois empréstimos, financiamentos e parcelamentos ficam mais caros.
É por isso que a taxa de juros passou de 2%, no início do ano, para 5,25%, com tendência de alta já sinalizada pelo Copom. Ao longo do segundo semestre de 2021 ocorrerão novos aumentos. Conforme o Boletim Focus, analistas estimam que a Selic chegue a 8% até o final do ano.
Ativos atrelados à Selic também devem estar no radar de quem investe, bem como produtos de renda fixa associados ao CDI. Por outro lado, é preciso ter cuidado com o endividamento, que tende a pesar mais no orçamento neste cenário.
Produto Interno Bruto (PIB) e atividades econômicas
O PIB é outro dado econômico importante, pois revela a situação das atividades produtivas e a capacidade de geração de riqueza no País. A análise conjuntural do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) referente ao terceiro trimestre de 2021 destaca que há indicativos de melhora, sobretudo no setor de serviços. Há fatores, entretanto, que podem afetar a agropecuária e a indústria, como a crise hídrica e a escassez de matéria-prima.
Ao término de 2021, o Ipea prevê alta de 4,8% para o PIB em relação ao do ano anterior — é válido lembrar que, em 2020, o PIB brasileiro teve variação negativa (com queda de 4,1%). Analistas de mercado têm uma estimativa semelhante e calculam o crescimento do PIB em 5% (essa projeção pode ser reduzida ou elevada ao longo do segundo semestre, dependendo do cenário).
Nesse contexto, uma informação que traz otimismo é a taxa de desemprego, que está dando sinais de redução. A taxa caiu de 14,6% para 14,1% entre o primeiro e o segundo trimestre de 2021, de acordo com dados do IBGE. Ainda assim, há um número elevado de pessoas sem ocupação, totalizando 14,4 milhões. Com a aproximação do fim de ano, a expectativa é de que as contratações aumentem.
Vale a pena acompanhar a evolução desses indicadores para proteger melhor o seu dinheiro. Uma forma eficiente de alcançar esse objetivo é investir parte do IRPF em previdência privada — assim fica mais fácil construir um patrimônio para o futuro.