Entre as diversas condições que podem comprometer a integridade dos dentes, a abfração dental é uma das menos conhecidas, capaz de causar um grande impacto no bem-estar oral.
Esse problema, caracterizado por lesões em forma de cunha na base dos dentes, é resultado de forças excessivas aplicadas sobre eles. Embora muitas vezes seja confundida com cáries ou erosões ácidas, ela tem causas distintas e exige atenção específica.
Reconhecer os sinais e entender os fatores que contribuem para o seu desenvolvimento é essencial para prevenir complicações e preservar a estrutura dentária.
Neste texto, exploraremos o que é a doença, suas causas, sintomas e as melhores formas de tratamento e prevenção. Confira!
O que é abfração dental?
É uma lesão causada pela flexão repetitiva do dente, devido a forças oclusais excessivas, como o apertamento ou ranger (bruxismo). Essa flexão ocorre na região cervical (perto da gengiva), onde o esmalte é mais fino, levando à formação de pequenas fraturas ou perda de estrutura.
Essas lesões dentárias assumem a forma de cunha ou V e não estão associadas diretamente a cárie ou desgaste mecânico, como escovação agressiva, embora possam ser exacerbadas por esses fatores.
Os dentes mais afetados pela condição são os pré-molares, caninos e incisivos, devido a sua localização, carga durante movimentos da mandíbula, contato inadequado ou pressão excessiva.
Qual a diferença entre abfração e abrasão?
Abfração e abrasão são condições diferentes resultantes na perda de estrutura dentária.
A abfração é causada por forças mecânicas excessivas, como o bruxismo ou uma oclusão inadequada, que levam à flexão do dente, causando microfraturas no esmalte e na dentina, atingindo a região cervical, próxima à gengiva.
Por outro lado, a abrasão é causada pelo desgaste mecânico provocado por fatores externos, como escovação excessiva, uso de escovas de cerdas duras ou hábitos como morder objetos.
As lesões aparecem em áreas expostas ao agente causador, como a superfície cervical ou as bordas incisais, e têm margens suaves e arredondadas, muitas vezes associadas à recessão gengival.
A principal diferença entre as duas condições está na origem do problema: enquanto a abfração resulta de forças internas de flexão do dente, a abrasão dental é consequência de deterioração externa, devido a hábitos ou comportamentos inadequados.
Ambas podem ocorrer simultaneamente, agravando os danos, e exigem um diagnóstico cuidadoso para identificar a causa e determinar os tratamentos odontológicos adequados.
Quais as causas da abfração dentária?
As causas do desgaste do esmalte são variadas, abarcando desde hábitos para mastigar a comida a movimentos involuntários da boca durante o sono, todas elas causando sobrecarga sobre a arcada. Entre as mais comuns, destacam-se:
- Bruxismo: hábito de ranger ou apertar os dentes durante o sono;
- Má oclusão: quando a arcada não se encaixa corretamente, a distribuição das forças mastigatórias se torna desigual, causando sobrecarrega;
- Pressão excessiva durante a mastigação: especialmente de alimentos duros;
- Mordiscar canetas, unhas ou outros objetos rígidos;
- Próteses ou restaurações mal ajustadas: quando não estão alinhadas corretamente.
Quais são os sinais da abfração?
Quanto mais cedo você identificar os sinais de deterioração e exposição da gengiva, mais rápido começará o tratamento e terá chances de preservar a arcada, sem precisar de intervenções dramáticas.
Entre os principais sinais de danos, temos:
- Sensibilidade: a região afetada se torna sensível a estímulos térmicos (quente e frio) ou ao toque;
- Desgaste na área próxima à gengiva: especialmente nos dentes posteriores (pré-molares e molares), formando uma deterioração ou “sulco”;
- Rachaduras ou fraturas no esmalte, que podem ser visíveis em radiografias;
- Alterações no contorno da gengiva, resultando em retração gengival;
- Dor ao mastigar ou na região afetada;
- O dente pode parecer mais achatado ou com uma borda afiada em algumas áreas, devido ao enfraquecimento do esmalte.
Como tratar a abfração dentária?
Se a erosão foi causada por mordida desbalanceada, o dentista pode realizar pequenos desgastes controlados em alguns dentes, para redistribuir as forças de mastigação.
Esse ajuste oclusal melhora o alinhamento da mordida e reduz o impacto sobre as áreas vulneráveis. Além disso, é possível:
- Usar placas de bruxismo: quando o problema está associado ao ranger ou apertar da dentição, o dentista confecciona uma placa miorrelaxante personalizada que protege a arcada durante a noite;
- Restaurações com resina composta: para os pacientes que sofrem com a perda significativa de estrutura, o dentista reconstroi a área com resina, um material estético e resistente que protege a arcada contra novas perdas, melhora a aparência do sorriso e reduz a sensibilidade causada pela exposição da dentina;
- Aplicação de flúor ou selantes: para casos leves, o dentista aplica flúor tópico ou selantes dentários na área afetada para fortalecer o esmalte remanescente, prevenir a progressão da lesão e aliviar a sensibilidade;
- Reabilitação complexa (em casos graves): é uma reabilitação mais ampla, incluindo próteses, coroas e tratamentos ortodônticos para corrigir a oclusão.
Quais cuidados tomar para evitar a abfração dentária?
A erosão pode ser, em grande parte, influenciada por hábitos e condições que o paciente pode controlar. A responsabilidade no desenvolvimento do desgaste está relacionada principalmente aos seus hábitos diários e ao cuidado com a saúde bucal.
Veja como o paciente pode evitar a condição a seguir:
1. Manter uma escovação adequada
Use escova de cerdas macias para evitar danos ao esmalte e à gengiva. Além disso, evite escovar com força excessiva, pois isso pode desgastar a região cervical da arcada e contribuir para a erosão.
Utilize movimentos suaves e circulares, sem pressa, para garantir uma limpeza eficaz sem prejudicar a dentição.
2. Passar fio dental regularmente
O fio ajuda a remover a placa bacteriana e restos de alimentos entre os dentes e ao longo da linha da gengiva, prevenindo gengivite e cáries. Ao usá-lo, evite forçar o fio, pois pode causar retração gengival e contribuir para a exposição da raiz, deixando o dente mais vulnerável a lesões.
3. Evitar hábitos prejudiciais
Evite roer objetos como canetas, unhas ou outros itens duros, pois isso pode causar danos ao esmalte e aumentar o risco de deterioração. Não morda alimentos muito duros, como nozes ou gelo, que podem gerar pressões excessivas nas áreas sensíveis da arcada.
Se você tem bruxismo, é fundamental usar uma placa de mordida para proteger a arcada durante o sono.
4. Fazer visitas regulares ao dentista
O dentista monitora sinais precoces de enfraquecimento e outros problemas relacionados à oclusão, oferecendo orientações para o cuidado diário e, se necessário, realizando tratamentos preventivos, como a aplicação de flúor.
Vimos neste artigo, que a abfração dental é uma condição subestimada, que pode afetar gravemente a saúde bucal, levando à perda de estrutura dentária e sensibilidade. Sua identificação precoce e o tratamento adequado são essenciais para prevenir complicações mais graves.
A conscientização sobre os fatores que contribuem para o desenvolvimento da condição, como o bruxismo, a má oclusão e hábitos prejudiciais, é crucial para a implementação de medidas preventivas, como o uso de placas de mordida e uma escovação correta.
Com acompanhamento odontológico regular, é possível evitar a progressão dessa condição e garantir a preservação do sorriso e do bem-estar a longo prazo.
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