Os dados do IBGE mostram que existem 24,2 milhões de brasileiros que trabalham por conta própria e que podem ser afetados financeiramente com o isolamento social – principal medida para conter a disseminação do novo coronavírus.
Os profissionais autônomos do comércio e prestação de serviços podem sentir um impacto maior nas finanças da empresa com a redução das vendas, receitas e a dificuldade de ofertar seus produtos e trabalho. Diante desse cenário, é necessário se reinventar para manter o negócio de pé.
“O principal desafio dos autônomos é, primeiro, identificar uma forma para continuar entregando o seu serviço. Quando se trata de um produto, o autônomo pode pensar em uma tele-entrega como o delivery ou de se manter por meio de algum recurso digital”, afirma Eduardo Glitz, sócio da StartSe.
Dicas de gestão do negócio na crise
O cenário é incerto e ninguém sabe o que vai acontecer no próximo mês, mas é necessário ter serenidade para não tomar decisões precipitadas que podem prejudicar o seu negócio. “É preciso gerir muito bem o caixa, controlar as despesas e fazer todas as contas necessárias para poder sobreviver nas próximas semanas ou quem sabe, nos próximos meses. É importante sempre ter em mente que isso vai passar e, gradativamente, as coisas vão voltar ao normal. O desafio é manter o negócio vivo durante esse período”, destaca Glitz.
O primeiro passo é fazer uma previsão das despesas para os próximos três meses, segundo João Moura, consultor do Sebrae -PR. “Dessa forma, você poderá priorizar os gastos essenciais e tentar negociar outros como, os impostos e financiamentos em bancos”, explica.
Cortar gastos é importante
O corte e o controle de despesas são essenciais para as finanças da sua empresa. Por isso, faça uma revisão do seu orçamento, avalie quais são os gastos essenciais para manter o seu negócio funcionando e corte os supérfluos. “Faça uma gestão diária do seu fluxo de caixa. Se precisar pegar um crédito, avalie bem as condições das taxas e prazos”, recomenda Moura.
Se precisar renegociar o aluguel do seu negócio, explique a situação e tente chegar em um acordo. Lembre-se que o momento é delicado para todos e o proprietário do imóvel não vai querer perder o inquilino.
Alternativas para continuar vendendo e prestando serviços
Os meios digitais podem ser grandes aliados nesse momento de crise. Utilize as redes sociais para manter um relacionamento ativo com os clientes, divulgar produtos, serviços e as novas alternativas para entregá-los, como o delivery.
“Deixar sua empresa viva na mente das pessoas requer um esforço maior do autônomo. Quando este furacão passar, os clientes vão lembrar de você”, destaca Denis Ramos Morales, professor do Senac Francisco Matarazzo.
Alguns autônomos estão utilizando os meios digitais para continuar prestando serviços, por exemplo, professores de academia que montam séries de atividades físicas para fazer em casa.
“Pesquise o que outros autônomos estão fazendo, converse com seus clientes para identificar as necessidades atuais e tenha bastante sensibilidade, pois a situação é difícil para todos. Respeite os decretos estaduais e municipais”, diz Moura.
Para profissionais da beleza, uma das alternativas é vender voucher para quando a crise do coronavírus acabar. Procure suas clientes e ofereça um pacote de serviços especiais. Vale lembrar que diante da situação caótica, é melhor apresentar somente opções de pagamento à vista, assim você já garante o valor do mês e não fica com as finanças da empresa no vermelho.
Ações do governo para profissionais autônomos
Já está em vigor a Lei 13.982, que institui a Renda Básica de Cidadania Emergencial (RBE). O projeto vai disponibilizar uma receita de R$ 600, durante três meses, para trabalhadores informais, autônomos e sem renda fixa, durante a crise causada pela pandemia do novo coronavírus.
O recebimento do RBE está limitado a dois membros da mesma família. As mulheres que são mães e responsáveis pelo sustento familiar, podem receber R$ 1,2 mil.
Os trabalhadores precisam cumprir alguns requisitos em conjunto para receber a renda básica, como ser maior de 18 anos, não ter emprego formal ativo, não receber aposentadoria, seguro-desemprego ou outro auxílio de programa social, com exceção do Bolsa Família.
Além da renda familiar mensal – soma de todos os rendimentos sem descontos de todas as pessoas da família – de até meio salário mínimo (R$ 522,50) por pessoa ou até três salários mínimos (R$ 3.135).
A pessoa também não pode ter recebido rendimentos tributáveis acima de R$ 28.559,70 em 2018.
Por fim, precisa ser microempreendedor individual (MEI), contribuinte individual do Regime Geral de Previdência Social, trabalhador informal, autônomo ou desempregado, inscrito no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) até 20 de março de 2020. Para consultar o seu cadastro, baixe o aplicativo Meu CadÚnico ou acesse o site do Ministério da Cidadania.
Quem ainda não tem cadastro pode baixar o aplicativo Caixa Auxílio Emergencial – disponível para sistemas Android e iOS – e realizar a inscrição. Em caso de dúvidas, os trabalhadores podem consultar o site (auxilio.caixa.gov.br) ou ligar no 111.