Olá! Tudo bem?
De modo geral, as maiores economias do mundo (EUA, Zona do Euro, Reino Unido e China) vêm enfrentando bem a segunda onda da Covid-19. Apesar do avanço de novos casos, das novas medidas restritivas e do fechamento de atividades, essas economias estão demonstrando resiliência. A vacinação está avançando e ajudando a liberar as economias das amarras impostas pela pandemia. Os indicadores mostraram sinais trocados, ora aparentam recuperação, ora mostram fragilidade, mas a resultante é de recuperação. Os extraordinários pacotes fiscais e monetários que injetaram liquidez nos mercados, até aqui, vêm contribuindo para manter as economias operando em meio à pandemia. Grandes bancos centrais do mundo sinalizam que devem manter as taxas de juros em níveis historicamente baixos, indicando que a prioridade é a retomada sustentável das economias e a redução na taxa de desemprego.
O outro lado dessa dinâmica está na reação dos investidores…
Principalmente nos EUA, com relação ao futuro da inflação. A combinação de mais uma rodada de expansão fiscal com o pacote de USD 1,9 tri e o progresso acelerado da vacinação culminou numa alta importante na curva de juros de longo prazo. A fala de Jerome Powell, Presidente do FED (banco central americano), reiterando a visão de que “uma postura de política monetária pacientemente acomodatícia” será fundamental para um crescimento econômico sustentável e taxas menores de desemprego não reverteu os temores dos investidores de que os EUA estão próximos de um aperto monetário. Se os ajustes nos juros estão em curso, trazendo as condições monetárias para uma certa normalidade próximo ao que se via no pré-pandemia, é um sinal positivo de que a economia americana terá crescimento mais forte num futuro próximo.
No Brasil
O mês até começou bem com as eleições para Presidente do Senado e da Câmara. Respectivamente, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e Arthur Lira (Progressistas-AL), foram eleitos como candidatos apoiados pelo governo. Criou-se uma expectativa de que, finalmente, haveria encaminhamento da agenda econômica de interesse do governo (orçamento, reformas e privatizações). Na prática, no entanto, tivemos discussões distantes de uma preocupação com as contas públicas. Um exemplo é o novo auxílio emergencial sem vinculação com o orçamento, elevando os temores com a questão fiscal.
O impacto da prisão de Daniel Silveira
A prisão do aliado de primeira hora do governo Bolsonaro, Deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), tomou tempo precioso do Congresso com debates e votação da sua prisão e com a tramitação da PEC da Imunidade. Em outras palavras, priorizou-se assuntos que nada têm a ver com a agenda econômica e de reformas, bem como, tal situação, tumultuou o andamento das pautas de interesse do governo.
Risco-Brasil
A interferência do presidente Bolsonaro na Petrobrás, com a substituição do atual presidente indicado pelo ministro Paulo Guedes, Roberto Castello Branco, pelo general da reserva Joaquim Silva e Luna, elevou ainda mais a percepção ruim do Risco-Brasil. Bolsonaro impôs mais uma derrota ao superministro, mostrou contrariedade com as altas frequentes dos combustíveis e emendou que faria o mesmo no setor elétrico (leia-se Eletrobrás) afirmando “vamos meter o dedo na energia elétrica, que é outro problema também”.
O governo com Bolsonaro tentou reagir reafirmando apoio a Paulo Guedes e que não há intenção de interferir na política de preços dos combustíveis. Além disso, apresentou MP para dar início ao processo de desestatização da Eletrobrás e Projeto de Lei que promove a quebra do monopólio postal, abertura do mercado e desestatização dos Correios. Ações que suavizaram, mas não reverteram a percepção ruim da mudança do Governo para uma estratégia mais populista de olho na reeleição de Bolsonaro em 2022.
A Selic sobe?
Se já não bastassem todos os desafios impostos pela pandemia, como a nova onda acelerada de contágio e o lento ritmo de vacinação, a mudança de postura do governo Bolsonaro, parecendo indicar que a agenda liberal pode ter ficado em segundo plano, arranhou ainda mais imagem do Brasil por aqui e no exterior. Entre os emergentes, o Brasil é, de longe, quem mais tem sofrido com as correções nos preços de todos os ativos. Somando-se a isso o quadro fiscal se deteriorando e a inflação dando seus soluços, elevou-se muito a chance do Copom se ver obrigado a subir a Selic já na próxima reunião, este mês.
O impacto das declarações do Presidente
Os três gráficos a seguir dão uma boa ideia da velocidade e da dimensão da piora de percepção de risco. O primeiro é o Ibovespa, que mostra o tamanho do impacto pela postura mais intervencionista do Governo. Reparem, na área em destaque, que no início do mês as ações ensaiaram uma recuperação. A partir de 17/02, as falas e ações do Bolsonaro impactaram negativamente o mercado.
No segundo gráfico, o comportamento do câmbio mostra o quanto o real se desvalorizou em relação ao dólar. Dentre as moedas emergentes, foi a moeda que mais se desvalorizou, seja pelo impacto dos eventos internos (políticos e econômicos) ou pela correção das taxas de juros nos EUA.
O terceiro gráfico é um indicador de mercado que mostra o comportamento dos preços dos títulos públicos em todos os indexadores, exceto o IGPM. O mês que começou com expectativa de um ambiente favorável para uma agenda de reformas terminou com dúvidas do quanto reformista será o Congresso. Gráfico em queda indica alta para os juros dos títulos pré e pós-fixados e indexados à inflação.
Algo comum aos três gráficos é a volatilidade e as rápidas mudanças de tendências. As retas tracejadas em vermelho são as linhas de tendências. Repare como o comportamento dos indicadores se distanciam das linhas de tendência. A magnitude indica o quão volátil estão os mercados, o que, naturalmente, impacta o comportamento dos fundos.
Fundos RF 100C e RV 15 mantidos
Mesmo fevereiro tendo sido um mês difícil para os mercados – praticamente nenhuma classe de ativo atravessou esse período sem algum estresse – os fundos RF 100C e RV 15, no longo prazo, mantêm retornos consistentemente acima do CDI.
Um abraço e até a próxima.
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Luiz Sacchetto é administrador de empresas com mais de 30 anos de experiência em finanças. Já atuou em bancos e em empresas dos setores agrícola, farmacêutico, químico e de seguros. Atualmente é Gerente Nacional de Vendas do ramo Previdência na Seguros Unimed.
Excelente análise!
As informações técnicas do Luiz Sacchetto são ilustrativas. No entanto, devemos evitar parcialidade quando falamos de governos, no modo pessoal, sem ter um ponto de comparação histórica.