Olá, pessoal! Tudo bem?
‘Céu de brigadeiro’ é um termo militar que significa céu limpo, azul, sem nuvens ou turbulências, indicando condições ótimas de voo. Utilizando essa simbologia, os mercados financeiros não tiveram ‘céu de brigadeiro’ em julho. Ao contrário, o mês foi mais uma vez bastante turbulento ou com alta volatilidade. Dois eventos foram marcantes no período:
1 – Covid-19
As economias que iniciaram a retomada das atividades observaram os casos de Covid-19 voltarem a crescer depois de um aparente controle. A Zona do Euro, os EUA, a China e o Brasil observaram o aumento de casos associados à retomada das atividades. Nos EUA, por exemplo, os novos casos bateram recordes e alguns Estados não tiveram outra alternativa senão voltar a reduzir a flexibilização.
Essa condição reacendeu as dúvidas e as incertezas sobre a retomada da Economia Global. A famosa dúvida se a recuperação será em “V” ou em “U”. Ao que parece, o desafio de superar completamente a pandemia está diretamente ligado à descoberta de uma vacina. Nesse campo, a cada dia surgem notícias animadoras de pesquisas em andamento, mas ainda não há uma previsão concreta de quando estará disponível.
Além da descoberta de uma vacina, teremos o desafio de produção e da logística para atender a população mundial. Fica a minha torcida e o meu otimismo para que o mundo tenha o mais breve possível uma vacina, para que possamos decretar de uma vez que a Covid-19 é uma página virada.
2 – Tensão EUA x China
Tudo começa com o presidente Trump na campanha para a sua eleição em 2016, com o slogan “Make America Great Again” (em tradução livre “Faça a América Grande Novamente”). Foi uma promessa de campanha estabelecer novas condições tarifárias às exportações chinesas, o que ficou popularmente conhecido como a Guerra Comercial (Trade War). O objetivo era impulsionar o crescimento econômico trazendo produção industrial para os EUA. Aos trancos e barrancos, os EUA e a China chegaram a um acordo com a assinatura, em janeiro de 2020, da chamada Fase 1 do Acordo Comercial.
Tudo caminhava para uma acomodação até que veio a pandemia, em março, e detonou a principal plataforma da campanha de reeleição do presidente Trump: o crescimento econômico. Em seguida, a sua popularidade começou a cair. Primeiro porque tardou a reconhecer a gravidade da pandemia e jogaram na conta do Trump o trágico título de “país com mais casos e vítimas fatais do mundo”. Segundo foi a forma como Trump reagiu aos protestos raciais pela morte de George Floyd por um policial branco, o que ganhou as ruas das principais cidades do mundo provocando um desgaste ainda maior na sua popularidade.
O resultado é que Trump está com uma enorme desvantagem para sua reeleição, em 3 de novembro. Na última pesquisa Joe Biden, o candidato Democrata aparece com 50% das intenções de votos contra 34% do Republicano Trump. Desvantagem considerada de difícil reversão até as eleições.
Sem o crescimento econômico como a sua principal plataforma para a reeleição, Trump elegeu a China como o inimigo comum dos americanos para reforçar a sua imagem de conservador, nacionalista, patriota e protecionista, base do eleitorado que lhe deu a vitória em 2016. Além da Guerra Comercial, Trump acusa a China de violar os diretos humanos com as manifestações dos cidadãos de Hong Kong contra o Governo Central da China e na luta pelas liberdades individuais. Por conta das manifestações, Trump prometeu e aplicou retaliações econômicas contra Hong Kong.
O último episódio da cruzada contra os chineses foi a determinação de Trump, em 22 de julho, de fechar o Consulado da China em Houston sob a alegação de que hackers chineses tentaram roubar dados sobre a vacina para a Covid-19. Medida sem qualquer precedente, pelo menos desde que a China foi aceita na OMC, em 2001. A retaliação da China veio em seguida, em 27 de julho, com o fechamento do Consulado dos EUA, em Chengdu, na província de Sichuan, centro econômico e cultural no sudoeste da China.
Tensões geopolíticas geram muitas incertezas porque sabemos como começam mas nunca quando podem parar, inclusive, podem levar a conflitos armados. Num momento de fragilidade econômica mundial, o aumento das tensões sino-americanas traz volatilidade para os mercados.
Esses dois fatores trazem, naturalmente, um grau maior de incerteza, mas os mercados encontraram espaço para a sua trajetória de recuperação. Dados das economias mundiais sugerem que está ocorrendo uma recuperação. Alguns indicadores melhores do que as projeções, outros piores, e outros, ainda, com sinais contraditórios, mas a resultante dos números parece indicar que a produção, as vendas e o consumo estão em rota de recuperação. A dúvida é a velocidade.
Os indicadores demonstram que as ações dos governos das maiores economias, com seus pacotes fiscais e monetários, surtiram efeito para minimizar os resultados dramáticos da pandemia. As grandes economias, inclusive, implementarem novos pacotes de estímulos monetários. A Zona do Euro já anunciou um programa de 750 bilhões de Euros para apoiar os países mais afetados pela pandeia. Os EUA parecem próximos de anunciar um novo pacote de USD 1 trilhão para prorrogar os pagamentos semanais de USD 600,00 e mais um depósito único de USD 1.200,00 por família. Além disso, alguns dos principais bancos centrais do mundo decidiram pela manutenção da taxa de juros nos níveis mais baixos da história (Zona do Euro, Japão, EUA e China).
Sopre as tensões entre os EUA e a China é importante dizer que as economias são fortemente dependentes uma da outra. A interdependência das maiores cadeias produtivas mundiais, tais como automóveis e tecnologia, é tão grande que é difícil imaginar como possam operar de maneira independente. A China é a maior financiadora do gigantesco déficit público americano. Ao mesmo tempo, as reservas internacionais chinesas têm no dólar seu grande porto seguro. Do total das exportações chinesas, mais de 20% são para os EUA (USD 480 bilhões/ano). No campo monetário e de comércio, a interdependência também é grande.
Claramente, a China não tem nenhum interesse em tumultuar as relações internacionais com os EUA. Quando tomam alguma decisão é sempre em resposta a algum posicionamento dos americanos. Tudo indica que não passa de retórica do Trump numa tentativa de reverter o difícil quadro eleitoral em que se encontra. A tendência é que ocorra uma acomodação após as eleições americanas, em novembro próximo.
No Brasil, também houve sinais um pouco mais animadores. Dados econômicos, ainda que dramáticos, vieram melhores do que as projeções. As estimativas do PIB, por exemplo, já mostram uma queda na casa de 5%. Bem diferente das estimativas anteriores, que indicavam queda superior a 7%.
Outro fator que traz perspectivas mais animadoras é o pacto pela Reforma Tributária. O Congresso e o Executivo encontraram um ponto de convergência com ambos fazendo concessões. Do lado do Executivo, seu projeto de reforma considerou as iniciativas tanto do Senado como da Câmara dos Deputados, com seus projetos de Reforma Tributária. Na prática, a proposta do Executivo é incluir mudanças dentro dos projetos em discussão nas duas casas legislativas. Do lado do Senado e da Câmara, os presidentes Davi Alcolumbre e Rodrigo Maia prometem acelerar as agendas das comissões mistas para concluir a Reforma Tributária no segundo semestre de 2020. O desafio será avançar nas negociações, tendo em vista uma certa insistência do Ministério da Economia em criar uma nova versão da antiga CPMF.
Nesse contexto tumultuado dos mercados, os fundos de Previdência tiveram boa rentabilidade em julho. O RF100C encerrou o mês com rentabilidade de 0,87%, o equivalente a 449% do CDI, e com 2,66% no ano, o equivalente a 136% do CDI. Por sua vez, o RV15 fechou o mês com rentabilidade de 2,64%, o equivalente a 1.357% do CDI,
e com 3,32% no ano, o equivalente a 170% do CDI. Os dois fundos não só apresentaram uma recuperação do difícil mês de março, como estão bem acima do CDI no ano.
Ao olhar para o horizonte de 24 meses, o RF100C obteve uma rentabilidade equivalente a 131% do CDI e o RV15 equivalente a 170% do CDI. Os resultados demonstram a eficiência na gestão dos fundos e a resiliência para enfrentar momentos de crise aguda, permitindo entregar para os nossos clientes uma ótima relação risco x retorno no longo prazo.
No seu primeiro mês de vida, o novo fundo de previdência da Seguros Unimed, o Unimed Multiestrategia, também encerrou o período com ótima rentabilidade. Com apenas 20 dias de operação, obteve rentabilidade de 0,51%, no mês de julho, o equivalente a 403% do CDI. Todos os esforços na formulação, simulação e planejamento para lançamento do novo fundo nos dá a confiança de que estamos oferecendo mais uma ótima opção de investimentos em Previdência para os nossos clientes.
Os mercados estão longe do ‘céu de brigadeiro’. Sinal disso é que, no apagar das luzes de julho, tiveram um dia de realizações de lucros e de aversão a riscos refletindo os indicadores do PIB de vários países, o que mostra o efeito da pandemia nas maiores economias do mundo. A eleição americana passa a ser mais uma fonte de volatilidade para os mercados, até que o quadro político esteja definido.
A volatilidade continuará presente no dia a dia dos investimentos com indicadores ora mostrando um quadro de gravidade menor do que o esperado e ora mostrando sinais de que a recuperação será um grande desafio para Economia Global.
Da nossa parte, seguimos confiantes no modelo de Governança de Investimentos da Seguros Unimed combinado com a excelência da gestão dos nossos parceiros (BNP Paribas e Claritas), para oferecer ótimas opções de investimentos em Previdência mesmo em mercados tão adversos como os atuais.
Um abraço e até a próxima.
Luiz Sacchetto é administrador de empresas com mais de 30 anos de experiência em finanças. Já atuou em bancos e em empresas dos setores agrícola, farmacêutico, químico e de seguros. Atualmente é Gerente Nacional de Vendas do ramo Previdência na Seguros Unimed