Atualmente, a facilidade de tomar empréstimo com poucos cliques nas plataformas dos bancos, fintechs e financeiras pode ser vantajosa para quem está endividado. Contudo, sem planejamento e controle financeiro, a medida pode te deixar afundado em mais dívidas. Por isso, antes de solicitar o crédito pessoal é necessário avaliar alguns aspectos para não se enrolar.
Quando devo pegar um empréstimo pessoal?
O cenário ideal seria nunca solicitar o crédito pessoal ou ter uma reserva de emergência para lidar com situações imprevistas. No entanto, para algumas pessoas não há outra alternativa além de pegar dinheiro emprestado.
“O empréstimo pessoal é válido quando a pessoa já tem alguma dívida com juros mais altos, como o cheque especial e o cartão de crédito atrasado. Neste caso, trocar essas dívidas por um crédito pessoal faz com que ela economize nos juros”, explica Victor Barboza, especialista em finanças pessoais.
Dados do Banco Central apontam que a taxa de juros total do rotativo do cartão de crédito ficou 303,4% ao ano em maio e o cheque especial chegou a 117,1% ao ano -já o crédito pessoal não consignado atingiu 80,9% ao ano.
Com juros astronômicos, a renegociação pode ser o caminho para acabar com as dívidas mais caras. Todavia, Vivian Rodrigues, planejadora financeira e fundadora do Papo de Valor, alerta para o perigo de fazer essa operação sem planejamento.
“Vamos supor que eu devo R$ 5 mil no cheque especial e faço um empréstimo para quitar. Eu pago o cheque especial, mas fico com uma dívida de R$ 10 mil no crédito pessoal somando os juros. De repente, eu percebo que não consigo pagar as parcelas, pego mais dinheiro emprestado, o débito aumenta para R$15 mil e isso vai criando uma bola de neve”, diz.
De acordo com o Relatório de Endividamento de Risco no Brasil, produzido pelo Banco Central, os brasileiros com carteira de crédito ativa somaram 85 milhões de tomadores em dezembro de 2019. Desse número, 4,6 milhões (5,4%) de pessoas estavam devendo às instituições bancárias mais do que podem pagar, ou seja, em situação de endividamento de risco.
De acordo com Rodrigues, o consumidor precisa ponderar se a parcela do empréstimo vai caber no seu bolso, pesquisar e comparar se a taxa de juros será mais barata. “É importante entender e buscar mais informações sobre a dívida original, porque às vezes a gente está renegociando um valor que não é devido. Então, solicite ao banco o contrato e avalie se a taxa de juros contratada é a mesma cobrada hoje”, orienta.
Quando não pegar empréstimos?
Durante a pandemia do novo coronavírus, os brasileiros começaram a pedir dinheiro emprestado para custear as despesas com a casa. De acordo com o levantamento realizado pela Lendico, fintech de crédito, as solicitações de crédito para essa finalidade subiram de 12% em março, para 15,4% em maio, representando um aumento de 28%.
Os pedidos de empréstimo para gastos com a casa incluem compra, financiamento, reforma de imóveis, mudança, pequenos reparos e aquisição de móveis. A Lendico ainda aponta que o valor médio das solicitações também subiu, passando da média de R$ 7.100 registrada em 2019, para R$ 7.600 durante a pandemia.
A grande oferta de crédito pessoal pode ser tentadora. No entanto, antes de ceder ao ímpeto, Barboza recomenda avaliar a real necessidade de pegar dinheiro emprestado. “Quando quisermos fazer um empréstimo apenas por inércia, seja porque alguém está nos oferecendo, pela facilidade de contratar ou pelo impulso, devemos evitar seguir em diante”, afirma.
A probabilidade de ficar endividado por não conseguir pagar o dinheiro emprestado para comprar um celular novo, roupas ou móveis é bem alta. “Os empréstimos não podem ser considerados um acréscimo à renda que não é suficiente”, afirma Rodrigues. Assim, a dica para não cair nessa cilada é conhecer a sua realidade financeira, fazer um planejamento e poupar dinheiro para alcançar seus objetivos.
Empréstimo pessoal: quais pontos devem ser avaliados antes de contratar?
Pegar dinheiro emprestado exige cuidado redobrado, sobretudo, em caso de crédito consignado que desconta o valor das parcelas direto do seu salário. Em razão disso, faça uma avaliação sobre os motivos que te levaram a essa ação.
“Se a pessoa ou a família gastam mais do que ganham, pegar um empréstimo vai adiar um problema e construir outro muito maior”, destaca Rodrigues.
Em seguida, verifique quanto será necessário solicitar e o valor que você poderá pagar mensalmente. Planeje-se para fazer o pagamento das parcelas na data correta e assim evitar a cobrança de juros.
“Uma vez levantados esses números, o próximo passo é comparar as opções de crédito nas diferentes instituições financeiras, avaliar o prazo e o custo efetivo total (CET), que representa a taxa total que incide sobre a operação de crédito”, explica Barboza.
Geralmente, as instituições financeiras utilizam a taxa Selic – atualmente em 2,25% ao ano – como base para o cálculo. No entanto, o consumidor deve ter muita atenção ao
CET (Custo Efetivo Total) que, basicamente, reúne todas as taxas cobradas no empréstimo, como os juros, tributos, seguros e tarifas.
Vale lembrar que o CET não fica tão evidente na hora de contratar o empréstimo, portanto é necessário ler as letrinhas miúdas do contrato, solicitar todas as informações da operação e o pagamento das parcelas. Não tenha receio de questionar e tirar todas as dúvidas.
Com a pandemia da COVID-19, muitas pessoas perderam o emprego ou parte das receitas. O levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que, no mês de maio, os trabalhadores por conta própria tiveram sua renda média reduzida em 60%.
Sem dinheiro e as contas que não param de chegar, muitas pessoas podem recorrer aos empréstimos pessoais. Contudo, apesar da situação delicada, é essencial fazer um diagnóstico da sua vida financeira. Coloque na ponta do lápis todo dinheiro que você recebe e seus gastos.
O segundo ponto é tentar reduzir ao máximo as despesas, renegociar o valor do aluguel e conversar com fornecedores para conseguir um prazo maior ou estabelecer um acordo que seja razoável para ambas as partes. Além disso, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) prorrogou até 31 de julho a proibição do corte de energia dos consumidores inadimplentes residenciais.
Segundo Rodrigues, é essencial entender suas possibilidades antes de embarcar em uma negociação com o banco. “É sempre muito delicado pegar empréstimo desempregado, então acho que é válido buscar todos os recursos e renda extra mesmo que seja fora da área de atuação profissional, porque tem uma chance muito grande do rendimento demorar para voltar ao normal, você não conseguir pagar o crédito e criar uma bola de neve”, pondera.
Onde conseguir empréstimo mais barato?
É muito prático abrir o aplicativo do seu banco e solicitar um crédito pessoal. Entretanto, existe uma enorme diferença entre as taxas de juros cobradas pelas instituições financeiras, portanto vale pesquisar e comparar cada uma delas antes de contratar.
No site do Banco Central é possível encontrar uma média das taxas de juros cobradas pelas organizações financeiras. Além disso, procure as fintechs e as cooperativas de crédito para fazer uma avaliação mais detalhada.
“As plataformas Bom Pra Crédito e Juros Baixos possibilitam uma pesquisa centralizada de propostas de acordo com o empréstimo que a pessoa está procurando”, finaliza Barboza.
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