Fim de ano está chegando e muitas pessoas já têm planos para o tão aguardado 13º salário. O problema é que nem sempre os objetivos são planejados considerando todo o impacto positivo que esse dinheiro pode trazer.
Os estímulos ao consumo na época de pagamento do 13º salário são inúmeros. Tem Black Friday, Natal, confraternizações e etc. Nós mesmos adotamos um comportamento mais consumista, afinal de contas, é fim de ano e queremos aproveitar. Não há problema algum nisso, desde que seja uma decisão bem refletida, ou seja, avaliando o que se ganha e o que se perde com essa atitude.
O educador financeiro e fundador da Martello Educação Financeira, Thiago Martello, comenta que esse contexto de fim de ano é propício para baixar a guarda em relação às finanças e, nesse caso, há o risco de esbanjar dinheiro sem nem se dar conta. É nesses momentos que devemos redobrar a atenção.
Que tal se planejar para usar melhor o 13º salário? Existe uma forma simples de fazer esse planejamento e que delimita o melhor uso desse dinheiro observando-se os fatores que mais influenciam nessa decisão. Martello orienta seguir um passo a passo, abrangendo do cenário mais crítico ao mais confortável:
- pague dívidas;
- organize as finanças;
- incremente a reserva de emergência;
- invista e realize sonhos.
Em cada uma dessas etapas, há aspectos que devem ser considerados. O educador financeiro traz dicas que fazem toda a diferença no seu planejamento. Confira!
Pague dívidas
“Se a pessoa tem dívidas, o 13º pode ajudar a equilibrar, amenizar ou até mesmo resolver a situação”, avalia Martello. Existem boas oportunidades para negociação nesse período. “Muitas empresas estão fechando o ano fiscal, apurando resultados e, por isso, o poder de barganha aumenta.”
Caso o valor do 13º salário permita o pagamento das dívidas à vista, é possível obter mais descontos e facilidades durante a negociação. “Desse ponto de vista, faz bastante sentido quitar as dívidas atrasadas, principalmente pelo alívio psicológico e emocional envolvidos”, pontua.
“No entanto, é preciso bastante cuidado, principalmente avaliando os meses seguintes: não adianta usar todo o dinheiro que tem disponível para quitar dívidas e, no mês seguinte, precisar fazer um novo empréstimo para manter um padrão de vida que não está adequado à realidade”, adverte.
A orientação é “avaliar as causas do endividamento, ajustar o padrão de vida, colocar as contas de forma que realmente caibam no orçamento e, aí sim, as ações serão muito mais eficientes.”
Organize as finanças
Ajustar o padrão de vida é outro preceito da educação financeira, e o 13º salário pode contribuir para adequar a situação. Vale destacar que é fundamental gastar menos do que você ganha. “Se as contas estão maiores, o 13º pode auxiliar para antecipar alguns compromissos e reduzir esse custo em menos tempo”, indica Martello.
O mundo ideal é que o 13º salário ou qualquer renda extra que venha nesse período, como bônus e Participação nos Lucros e Resultados (PLR), sirvam para impulsionar seus objetivos, explica o educador financeiro. A premissa para que isso seja possível é estar com as contas em dia, ajustadas ao seu padrão e ter clareza dos sonhos que deseja realizar.
“O primeiro passo é pensar, em uma linha do tempo, o que seriam os sonhos de curto, médio e longo prazo? Além disso, é importante priorizar os sonhos, e uma forma muito legal de fazer isso é: qual dos sonhos pode me ajudar a realizar outros sonhos?”
Incremente a reserva de emergência
Quem já está com o padrão (custo) de vida bem ajustado pode usar o 13º salário para formar ou impulsionar a reserva de emergência. Martello esclarece que a reserva deve ser suficiente para bancar pelo menos seis meses do seu custo de vida.
“Aqui, o 13º pode te livrar de grandes imprevistos e custos financeiros maiores”, demonstra o educador financeiro. A ideia é que esse dinheiro seja usado em situações emergenciais e isso é muito importante para não comprometer seus projetos, pois a reserva deve cobrir qualquer custo eventual decorrente de uma situação inesperada.
Os seguros também ajudam a proteger suas finanças e investimentos, pois têm o mesmo intuito de resguardar sua renda e seu patrimônio em caso de imprevistos.
Invista e realize sonhos
“Com as contas equilibradas e reserva de emergência feita, o 13º pode ser investido, sempre dividido entre realização de sonhos e aposentadoria”, sugere Martello, que chama a atenção para a importância do autoconhecimento e do autocontrole: “Os pequenos sonhos podem dificultar ou até mesmo impedir a realização de grandes sonhos”. Por exemplo, “aproveitar todo dinheiro para usufruir em comprar um celular novo todo ano só vai atrapalhar a realização de uma viagem internacional.”
A questão da aposentadoria é outro aspecto que requer visão de futuro, pois trata-se de um projeto de longo prazo que deve ser iniciado o quanto antes. O melhor exemplo de investimento com essas características é a previdência privada. A vantagem de começar cedo é que a aplicação pode ser feita de forma planejada e programada, adequada à sua realidade financeira. Para quem já tem investimentos, como a previdência, o 13º salário é uma oportunidade para fazer aportes adicionais. Assim, você consegue atingir seus sonhos mais rápido.
E se você está buscando melhorar sua relação com o dinheiro, se planejar melhor e transformar a própria realidade financeira, tenha o 13º salário como aliado. Para quem está com dívidas, a trajetória passa pela readequação do custo de vida e quitação dos débitos; depois, é hora de poupar, construir a reserva de emergência e investir para realizar sonhos. “O 13º, com certeza, serve para iniciar essa jornada!”